Manifestações no Chile refletem no futebol

Cristian Leiva, treinador da seleção chilena sub-17, afirma que elenco é a favor dos protestos que acontecem no país - Foto: Ass/Chile

Postado em: 30-10-2019 às 13h00
Por: Raphael Bezerra
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Cristian Leiva, treinador da seleção chilena sub-17, afirma que elenco é a favor dos protestos que acontecem no país - Foto: Ass/Chile

Felipe André

“Que o la tumba serás de los libres, o el asilo contra la
opresión, o el asilo contra la opresión, o el asilo contra la opresión”, o
refrão do hino chileno foi entoado a capela por todos os jovens jogadores que
estão em Goiânia para a disputa da Copa do Mundo sub-17 e por cerca de 40
torcedores que marcaram presença no estádio da Serrinha, no último domingo. A
tradução do refrão pode ser entendida como “Que ou a sepultura será de livre,
ou asilo contra a opressão”, o primeiro hino chileno foi escrito em 1847 por
Eusebio Lillo, mas retrata bem a situação de 2019.

“Nós compartilhamos e aderimos as mobilizações que estão
acontecendo no Chile e com as nossas famílias, os familiares dos jogadores
estão em um momento difícil, mas nós estamos no Mundial e vamos tentar levar
alegria as pessoas, mas é um momento difícil que o país está passando”,
enfatizou o treinador Cristian Leiva, do Chile sub-17.

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Apesar de estar no Brasil com o foco no Mundial, o elenco
que é comandado pelo treinador Cristian Leiva, sabe bem da situação de seu
país. O Governo do país sul-americano decretou um aumento de 30 pesos, no
início de outubro, na tarifa do metrô de Santiago, que transporta mais de 1
milhão e 500 mil pessoas por dia.

O movimento encabeçado pelos estudantes sugeriu que as
pessoas começassem a pular as catracas, para não pagar. O Governo, encabeçado
pelo presidente Sebastián Piñera, não voltou atrás, mas decidiu então
substituir oito dos 24 ministros, incluindo os da Economia, Interior e
Finanças, alvo de muitas críticas desde o início da atual crise social e
política.

As manifestações também afetaram o futebol. A preocupação
com os rumos dos protestos do Chile fez três clubes deixarem a rivalidade de
lado em nome do país. Colo Colo, Universidad Católica e Universidad de Chile
assinaram uma nota em conjunto pedindo que a paz imperasse nas manifestações
nas ruas.

O ex-treinador da seleção chilena e campeão da Copa América
de 2015, e que hoje está no comando do Santos, Jorge Sampaoli aderiu e
valorizou as manifestações. “Estou orgulhoso do povo que vivi ao lado por tanto
tempo. Espero que seja um passo adiante para terminar com a opressão com esse
povo”, disse.

Ainda não se tem uma previsão dos términos das
manifestações populares contra o governo. “Valorizo muito a reação do povo
chileno depois de tanto tempo de opressão. É um exemplo para todos na América
do Sul. Lutar contra o neoliberalismo, que deixa o povo cada vez mais pobre.
Esta rebelião contra os que estão no poder que só pensam nisso”, completou
Sampaoli.  

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