Goiano doa mais de 200 camisetas de futebol em Moçambique

Roberto com mais de 200 camisas de futebol que conseguiu para ser doadas para as crianças em Moçambique - Foto: Roberto Alexandre

Postado em: 14-11-2019 às 14h25
Por: Raphael Bezerra
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Roberto com mais de 200 camisas de futebol que conseguiu para ser doadas para as crianças em Moçambique - Foto: Roberto Alexandre

Felipe André

Por onde você já foi para realizar um sonho? Roberto
Alexandre, de 32 anos e servidor público federal atravessou o Oceano Atlântico
para isso juntamente com 25 pessoas. Através da Organização Humanitária
Fraternidade sem Fronteiras ele viajou pela primeira vez para Moçambique, país
do sudeste do Continente Africano. Seu objetivo? Espalhar carinho e levar
esperança para as crianças, através do futebol.

Roberto é goiano e vilanovense de
criação, aprendeu com o pai a torcer pelo time vermelho da capital goiana e
aproveitou a viagem para unir a vontade de ajudar o próximo com a sua paixão
futebolística. Ele decidiu então através de publicações nas redes sociais pedir
a colaboração de amigos para conseguir doações de camisetas de futebol. Se ele
esperava pouco mais de 100 camisetas de diversos clubes do país e da seleção
brasileira, sua arrecadação passou das 200 e mesmo com a limitação do peso da
bagagem, levou todas para serem doadas.

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“Recebi camisetas de times locais, do eixo Rio-São Paulo, do
Sul, muitas camisetas do Brasil a fora e Europa. Dei um enfoque maior nos
pedidos para camisetas da seleção brasileira porque eu sabia da paixão das
crianças de lá pelo futebol brasileiro. Contei com as doações, comprei bolas
novas para levar, até para ter os jogos e conseguir gerar naquelas crianças uma
experiência única. Uma energia muito agradável tomou conta daquele momento, eu
via ali umas 50 crianças brincando dentro do campo, foi muito especial ver os
sorrisos nos rostos delas”, declarou Roberto Alexandre.

Roberto juntamente com a ONG visitaram cinco aldeias, todas
em Moçambique e se situavam no Distrito de Gaza, com uma média de 500 crianças
em cada. A primeira a aldeia de Muzumuia, que fica no município de Chokwé e
após visitaram Chimbembe e Barragem e encerraram a viagem nas aldeias de
Cuacuene e Mussengue.

As camisas de futebol foram apenas um dos presentes que
Roberto e a ONG levaram para as crianças. Brincadeiras, doações de materiais
escolares, roupas e um almoço para os jovens das aldeias fizeram parte da
programação de 10 dias.

“Na hora do almoço dava para perceber a dura realidade,
muitas daquelas crianças só tinham aquela refeição no dia, muitas não têm pais,
mas mesmo aquelas que tem em sua grande maioria não tem alimentação em casa. Os
centros de acolhimento são os lugares que elas têm a oportunidade de comer”,
lamentou Roberto.

Aprendizado

O ditado “nunca é tarde para aprender” foi vivido na pele
por Roberto. Apesar da idade e de estar em Moçambique para presentear as crianças,
ele deixou as aldeias com reflexões causadas por crianças e jovens de até 17
anos.

“O nível de humildade das crianças me marcou muito. Na hora
de distribuir as camisetas, as vezes precisava trocar a camiseta de um para
outro por conta do tamanho, então mesmo se ela já estivesse usando, gostado, ela
não deixava de trocar. Não existiu reclamação, uma competição entre elas pela
camisa, eles aguardavam e viviam aquele momento. Esses detalhes me fizeram
pensar em diversas coisas da minha vida”, completou Roberto.

“O futebol é um grande propulsor de esperança”

O termo “não é só futebol” é tema de debate em diversas ocasiões. O futebol é apenas um esporte, ou é algo que vai muito além? Roberto Alexandre, goiano que arrecadou mais de 200 camisas viu no esporte a oportunidade de agregar algo que a Organização Humanitária Fraternidade sem Fronteiras ainda não oferecia, camisas de clubes que fazem o futebol ser o esporte mais praticado no mundo.

“Me veio a inspiração de arrecadar camisetas de futebol, considerando que o futebol é uma paixão mundial e um grande propulsor de esperança, que é o que a gente queria levar para aquele povo, então eu entendi que seria uma boa oportunidade de somar a esse projeto que a ONG já faz”, Roberto Alexandre.

Algumas organizações sociais procuram há anos ligar a paixão pelo futebol, o esporte mais popular do país, à busca por transformações sociais verdadeiras. Alguns técnicos que focam no esporte como instrumento para o desenvolvimento social entenderam que o futebol gera esperanças, promove valores positivos que têm impacto imediato e perene, ensina o trabalho em equipe e permite que as pessoas vejam que o sucesso e o fracasso são fundamentais para o crescimento e para uma vida mais completa e com variações.

“Eu pensei no futebol como o esporte, muito além da sua importância para cada um e da torcida que cada um tem. O futebol é um instrumento de união de povos, eu tive essa experiência no ano passado, na Copa do Mundo, quando vi, por exemplo, nigerianos e mexicanos abraçados na avenida principal de Moscou”, completou Roberto.

Apesar de ter sido a primeira viagem para Moçambique, não foi a primeira ação social que Roberto realizou. O servidor público já dedicou suas horas vagas para quem precisava de atenção em Goiânia e em Brasília.

Como ajudar

A Organização Humanitária Fraternidade sem Fronteiras através do seu site (https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br) reúne 10 projetos que qualquer pessoa pode decidir se tornar padrinho ou realizar uma doação avulsa. O apadrinhamento é a doação mensal de R$ 50,00 ou mais destinada para a compra de alimentos, atenção à saúde, estudo, atividades pedagógicas, culturais, formação profissionalizante e a estrutura e montagem dos centros de acolhimento. O padrinho recebe periodicamente informações sobre a evolução dos projetos, tem disponibilizada a prestação de contas detalhada e pode participar de caravanas de voluntários para conhecer o trabalho humanitário de perto.  

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