Dudu fala sobre mudança brusca no futebol árabe: “Toque de recolher das 6h às 19h”

Victor Pimenta

O primeiro caso do covid-19 na Arábia Saudita foi confirmado
“somente” no dia 2 de março. De lá para cá, aumentou consideravelmente o número
de pessoas com a doença, e até o fechamento desta matéria, no país já somam
mais de mil e quatrocentos casos. Que vieram a óbito, “apenas” oito vítimas.

Com isso medidas bruscas foram todas pelo rei Salman,
visando proteger sua população. Após a segunda vítima fatal do covid-19, seu
governante endureceu o toque de recolher de âmbito nacional, na última
quarta-feira (25), proibindo até mesmo a entrada e saída da capital Riad e das
cidades sagradas de Meca e Medina, além da circulação entre outras províncias.

Quem mora no país e tem sentido na pele o problema
enfrentado é o brasileiro Dudu. O jogador do Al-Ta´ee falou como tem sido o
rigor no mundo árabe.

“A mudança foi brusca. Estamos trancados em casa, aqui tem
toque de recolher das seis da manhã até as dezenove horas da noite, depois
ninguém pode ficar na rua”, falou o atleta.

A economia da Arábia Saudita é baseada na extração de
petróleo com um forte controle governamental sobre as principais atividades
econômicas. Dudu sabe que o país onde vive, ao contrário do Brasil, sobrevive
tranquilo até mesmo com a paralisação.

“Aqui na Arábia, nós comentamos que não a problema algum se
o país parar de dois a três meses, porque tem condições e não iria afetar na
economia do país. Por isso todos estão seguindo à risca a quarentena”, disse o jogador.

O jogador que atua no futebol árabe desde 2018, já está em
sua segunda temporada com a camisa do Al-Ta´ee. Dudu que é um dos principais
jogadores de sua equipe falou sobre como a diretoria do clube chegou nos
jogadores nesse momento de paralisação total.

“A conversa com o clube foi tranquila. Nos avisaram que não
teria mais os treinos por conta da Liga paralisar. Então estou treinando em
casa me preparando caso a liga volte”, ressaltou o brasileiro.

Natural de Curitiba, onde mesmo iniciou sua carreira, no
próprio Coritiba, Dudu tem mantido o contato com seus familiares via facetime e
tem sempre informado e atualizado seus pais como tem sido a vida longe do
Brasil, mas sempre esperançoso que tudo acabará em breve.

“Conversamos diariamente com os nossos familiares. Ficamos
triste por tudo, pelos casos aumentando, por ver nosso país dessa forma. Mas
sabemos que tudo vai passar e Deus está no controle de tudo”, falou Dudu.

Antes da paralisação
acontecer, o meia Dudu já somava catorze gols na temporada. O jogador que era
uma das peças fundamentais na temporada não tem deixado a quarentena se abater
e confia que em breve possa voltar para retornar ainda melhor.

“Motivação temos que ter sempre, independente do que venha
acontecer. Eu tenho me motivado todos os dias, mesmo estando trancado e
treinando muito dentro de casa. Espero que tudo se resolva o mais rápido
possível”, disse o jogador do Al-Ta´ee.

O Al-Ta´ee se localiza na província de Há’il, um pouco mais
de quinhentos quilômetros da capital Riad. Segundo Dudu, a paralisação foi logo
rápida assim que saiu o primeiro caso, fazendo com que a cidade do brasileiro
não tivesse nenhum caso sequer.

“Foi tudo muito rápido a questão do vírus. Mesmo
aqui na minha cidade não tendo nenhum caso, o clube logo paralisou, porque viu
a maneira que o mundo estava”, concluiu Dudu.