Partida entre Vila Nova e Brusque acaba na delegacia com acusação de racismo

Segundo a assessora de imprensa do Brusque, Jefferson Renan (foto) foi alvo de racismo por parte da diretoria colorada - Foto: Lucas Gabriel Cardoso/Brusque FC

Postado em: 03-01-2021 às 20h00
Por: Raphael Bezerra
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Segundo a assessora de imprensa do Brusque, Jefferson Renan (foto) foi alvo de racismo por parte da diretoria colorada - Foto: Lucas Gabriel Cardoso/Brusque FC

Breno Modesto

O confronto entre Vila Nova e Brusque, realizado no último sábado (2), tinha tudo para ficar marcado pelo placar de 3 a 0 aplicado pela equipe catarinense em cima da goiana. Mas, o resultado do jogo, não foi, nem de longe, o centro das atenções da partida disputada no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga.

Isso porque, por volta dos 25 minutos do segundo tempo, pouco depois de Thiago Alagoano marcar o segundo gol do time de Santa Catarina, a assessora de imprensa do Brusque, Lara Vantzen, acusou um dirigente vilanovense, que seria Vinícius Marinari, do Conselho de Administração de Patrimônio do Vila Nova, de injúria racial ao meia-atacante Jefferson Renan.

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Em entrevista ao repórter Paulo Massad, da Rádio Sagres 730, Lara Vantzen afirma ter ouvido a frase “levanta aí, seu macaco” ser direcionada por Marinari ao camisa 20 do clube quadricolor após o mesmo ter sofrido uma falta.

“Por volta dos 25 ou 26 minutos, o Jefferson Renan sofreu uma falta e, nisso, houveram xingamentos. Coisa que acontece no futebol. Normal. Tranquilo. Até que um dirigente virou e disse: “levanta aí, seu macaco”. Aí, passou do limite dos xingamentos e das coisas “normais” que acontecem no futebol. Então, eu chamei um dirigente do Brusque e pedi que alguém da CBF viesse até ali, para relatarmos o caso, porque não tem mais espaço para racismo”, disse Lara à Sagres.

Quem também concedeu entrevista à Rádio Sagres 730 foi Jefferson Renan, que, devido ao calor do jogo, afirmou não ter escutado a ofensa relatada por Lara Vantzen.

“Eu relatei para o árbitro que, no calor do jogo, eu não ouvi, como relatei também para a minha assessora. Mas ela ouviu e foi bem firme. E ela é uma pessoa na qual confiamos muito e que tem total apoio da equipe. Então, é mais um caso triste no futebol brasileiro. Não só no Brasil, mas no Mundo inteiro. É um momento triste, que a gente sente. Todos nós sentimos muito por isso. Eu nunca tinha passado por isso. Nunca tinha visto. São coisas que não acreditamos, até acontecer com a gente”, disse o atleta ao repórter Paulo Massad.

Diretor de comunicação do Vila Nova, o vereador e presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo, foi o primeiro a se pronunciar pelo lado goiano. Segundo ele, o Vila Nova irá mover uma ação contra Lara Vantzen e contra o Brusque por calúnia.

“A posição do Vila Nova é de total repúdio ao que a gente viu a funcionária do Brusque fazer aqui. A gente respeita a equipe do Brusque, mas exigimos que o Vila Nova seja respeitado também, até pelas campanhas que nós fazemos contra preconceitos. Isso é um desrespeito com a instituição Vila Nova. O que de fato aconteceu foi que o jogador (Jefferson Renan) veio até o banco de reservas do Vila Nova para pedir uma água. Nosso massagista cedeu a água. Ele pegou a água, bebeu e voltou (para o gramado). Foi nessa hora que ela (Lara Vantzen) afirma que ouviu nosso diretor proferir palavras (de injúria racial) ao jogador do Brusque. O próprio jogador afirma que não ouviu. Então, Vila Nova vai até às últimas instâncias contra o Brusque. Cabe a ela comprovar ou responder o processo que o Vila Nova irá mover contra ela e contra o Brusque”, afirmou Policarpo.

Em seguida, o Tigre, através de uma nota, se pronunciou de forma oficial.

“O Vila Nova Futebol Clube repudia todos os tipos de atos preconceituosos em qualquer forma de manifestação. O clube reafirma frequentemente, com ações práticas, o combate ao racismo, como no seu terceiro uniforme “Manto Do Povo” estampado com a frase ‘Vidas Negras Importam’, reforçando seu histórico de luta popular, inclusão social e respeito. A instituição se coloca à disposição para esclarecimentos e acompanhará de perto as apurações do caso”, disse parte da nota oficial do Vila.

“Por fim, Diego Pombo Lopez, árbitro que apitou o duelo, relatou o ocorrido em sua súmula. “Informo que após o término da partida, tomei conhecimento através do delegado da partida, o sr. adalberto grecco, que a assessora de imprensa da equipe do brusque, sra. lara vantzen kempfer, rg 6178878, informou que ouviu de um membro da equipe do vila nova que se encontrava na arquibancada, sr. vinicius de oliveira marinani, rg 4118056 dgpc-go, uma suposta injúria racial, ao pronunciar as seguintes palavras: “levanta, macaco”, ao atleta nº 20 da equipe do brusque, sr. jefferson renan da silva, quando o mesmo havia sofrido uma falta”, relatou.

“Informo também que, a equipe de arbitragem e o jogador mencionando, não ouviu a possível injúria racial, como relatado pela assessora de imprensa do brusque. após conversa com o policial responsável tenente ernani, fomos informados que os envolvidos seriam conduzidos para registrar um boletim de ocorrência na delegacia local”, completou a súmula”

Até o fechamento desta edição, não houveram mais desdobramentos do caso.

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