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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Jardim tropical

Sítio Roberto Burle Marx é reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco

A propriedade também guarda um acervo museológico de mais de três mil itens, que inclui um grande repertório da produção artística de Burle Marx

Postado em 28 de julho de 2021 por Lanna Oliveira
Sítio Roberto Burle Marx é reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco
A propriedade também guarda um acervo museológico de mais de três mil itens

Que o Brasil tem belas paisagens e grande valor cultural todos sabem, mas quando isso é reconhecido mundialmente, é um grande orgulho para os brasileiros. Apesar de todas as mazelas incontestáveis do País, é preciso exaltar as qualidades que encontra-se aqui, principalmente nos dias de hoje. Sem dúvidas, o Sítio Roberto Burle Marx é uma delas, ele ganhou o título de Patrimônio Mundial da Unesco esta semana. O espaço é um laboratório de experimentações botânicas e paisagísticas que sintetiza a obra de Burle Marx.

O Brasil acaba de receber mais um título de Patrimônio Mundial.  Realizada em Fuzhou, na China, a 44ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu o legado do paisagista brasileiro que criou o conceito de jardim tropical moderno, Roberto Burle Marx. Com a nova chancela, o Brasil passa a ter 23 bens inscritos na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco, registro dos bens considerados como portadores de valor universal excepcional para a cultura da humanidade.

O processo de construção de candidatura começou com a inscrição na lista indicativa brasileira a Patrimônio Mundial, em 2015. Desenvolvido pelo Iphan com a contribuição de muitos parceiros, o dossiê final do Sítio Burle Marx foi entregue à Unesco em janeiro de 2019. O documento defende o valor da propriedade como laboratório botânico e paisagístico. No segundo semestre de 2019, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) realizou a ‘missão de avaliação’ no Sítio, parte importante do processo de candidatura.

O título da Unesco cria um compromisso internacional de preservação do local. Um dos próximos passos será a formalização de um plano de gestão para o Sítio e seu entorno, na perspectiva do patrimônio mundial, envolvendo diversas instituições governamentais e atores da sociedade civil e definindo a matriz de responsabilidades de todos os parceiros. O plano mapeará riscos e apontará ações para minimizar possíveis ameaças ao valor universal excepcional do SRBM.

O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, destaca que o Sítio Roberto Burle Marx é um importante Patrimônio Cultural brasileiro tombado pelo Iphan, e a sua inscrição como Patrimônio Cultural Mundial reforça a sua importância também para o mundo. “A chancela aumenta os compromissos com a sua proteção, conservação e gestão, o que deve atrair ainda mais visitantes para conhecer este, que é um dos mais importantes registros da influência e da obra do artista Roberto Burle Marx”, disse Machado Neto.

Mais de três mil espécies

Em 1949, Roberto Burle Marx e seu irmão Guilherme Siegfried compraram o imóvel com a finalidade de abrigar coleção botânica, testar novas associações de plantas e cultivar mudas. A partir de então, a casa foi sucessivamente reformada e ampliada; foram construídos a Loggia, o Salão de Festas (conhecido como Cozinha de Pedra), a Casa de Pedra, o Prédio da Administração e o Ateliê; a Capela de Santo Antônio da Bica, do século XVII, foi restaurada e mantida em uso pela comunidade. No ano de 1985, Burle Marx doou o Sítio ao governo federal.

Burle Marx foi pioneiro na luta pela conservação da natureza e ferrenho defensor do ambiente. Compreendendo desde cedo o potencial estético e a importância científica da flora tropical, introduziu o uso de espécies nativas em seus projetos paisagísticos, criando o conceito de jardim tropical moderno, alinhado ao movimento moderno na arquitetura e nas artes, que produziu grande impacto no campo mundial do paisagismo. Claudia Storino explica que há camadas de conhecimento científico que precedem e permeiam os jardins.

Localizado na Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), o Sítio tem 405 mil metros quadrados de área e abriga uma coleção botânica com mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais, cultivada em viveiros e jardins. Por isso, ele foi reconhecido na categoria de Paisagem Cultural, na qual se enquadram bens que referenciam a interação entre o ambiente natural e as atividades humanas, resultando em uma paisagem natural modificada. O que o precursor nesse modelo fazia muito bem.

“O Sítio é uma obra de arte, onde as paisagens são o elemento de maior destaque, ligando todo o conjunto com poderosa personalidade. Os espaços ajardinados se materializam tanto nos princípios paisagísticos da obra de Burle Marx quanto nos processos de análise, cultivo e experimentação que impulsionaram a criação do paisagismo tropical moderno. A vegetação organizada em diálogos de forma, cor e volume que permeiam todos os ambientes, mas também se articulam e interagem com a mata nativa”, ressalta a diretora do SRBM, Claudia Storino.

Para a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, este título é motivo de orgulho para o Brasil, o Iphan e toda a população brasileira. “A chancela estabelece um compromisso para manter os valores excepcionais que tornam esse lugar de importância para toda a humanidade. Temos a missão de preservar para as futuras gerações este espaço de aprendizado e de fomento ao conhecimento sobre natureza, paisagismo, arte e botânica”, destaca. Jardins, viveiros de plantas, sete edificações e seis lagos integram este espaço singular.

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