Atriz Heloisa Jorge bate-papo com Roseann Kennedy

Artista recorda a mudança de Angola para o Brasil, analisa o preconceito no país e discute os papéis para atores negros

Postado em: 22-05-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

Protagonista da novela angolana Jikulumessu, que estreia na TV Brasil, no próximo dia 25 de maio, a atriz Heloisa Jorge é a convidada do programa Conversa com Roseann Kennedy, nesta segunda-feira (22), às 21h30.

No bate-papo, a atriz convida os brasileiros a conhecerem a realidade do continente africano, dos países em guerra e a abrir os olhos para enfrentar preconceitos. O nome da novela angolana Jikulumessu, significa “abre o olho”, e provocou boas discussões nos países onde foi exibida: Angola e Portugal. Agora, vai ao ar de segunda a sexta, às 20h30, na TV Brasil.

Durante a entrevista, o telespectador vai conhecer um pouco mais da atriz que chegou no Brasil como refugiada, fugindo da guerra civil de Angola e agora desponta como revelação no teatro e na televisão nos dois países.

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Na trama, Heloisa fará o papel de Djamila Pereira, uma jovem que sonha em ser uma cantora reconhecida, na segunda fase da novela. “Quando eu voltei para fazer a novela, em 2014, foi uma das experiências mais fortes da minha vida. Eu me senti muito estrangeira em Angola. Mas foi lindo: um ano e meio contando com preparação e gravação. Um tempo para voltar às minhas raízes de uma maneira mais amadurecida”, conta.

A respeito do país, ela reflete sobre algumas das mudanças que percebeu. “Teve um espaço de tempo muito grande. Encontrei uma Luanda reestruturada, as relações muito mais amadurecidas e cheia de estrangeiros. A gente saiu de uma guerra civil nos anos 2000, ou seja ontem, o país ainda está em processo de reconstrução”, avalia.

Recentemente, Heloisa Jorge interpretou a empresária angolana Laura e contracenou com o ator Reinaldo Gianecchini em A Lei do Amor, da TV Globo. 

Enfática, ela aborda a restrição dos papéis para os artistas negros na teledramaturgia brasileira: “Não é você fazer escravo, você fazer empregada, mas é você ‘não fazer só isso’. E na televisão brasileira a gente sabe que o ator e a atriz negra estão condicionados a esses papéis. Porque eu acho que quem escreve, quem produz elenco não imagina que o ator e a atriz negra possa fazer a advogada, a engenheira, a executiva bem-sucedida como eu fiz agora… E a Laura era maravilhosa”.

Sobre este papel, a atriz completa com orgulho. “As mensagens que eu recebia eram sempre muito positivas e principalmente de mulheres negras que falavam: ‘você está nos representando’”.

Heloisa que veio para o Brasil como refugiada e relembra o episódio que marcou a sua história. “Foi uma das experiências mais tristes da minha vida, porque eu não queria sair de Angola. Eu não vim porque eu quis. De alguma forma foi um rompimento”.

Ao refletir sobre esse momento na entrevista para Roseann Kennedy, ela conclui com resiliência. “Apesar de ter vivido num país em guerra, eu naturalizei aquilo, aquela era a minha realidade. E ao contrário do que as pessoas pensam de um país que está em guerra, as pessoas têm uma vida mesmo com a guerra”.

Hoje, Heloisa se reconhece como fruto de duas culturas: brasileira e angolana. Mas revela que ao transitar entre esses dois mundos já se deparou com situações de preconceito. 


SERVIÇO:

‘Conversa com Roseann Kennedy’ na TV Brasil: segunda (22) às 21h30; de segunda (22) para terça (23) às 2h45; domingo (28) às 19h30 

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