Dor que mina a autoestima: Obra traz uma importante reflexão para as questões raciais no imaginário e na vivência infantil

Por Elysia Cardoso

A discriminação racial persiste no cotidiano das crianças brasileiras e se reflete nos números da desigualdade entre negros, indígenas e brancos. Com o livro ‘O Lápis Cor da Pele’, a escritora Erivania Brito se propôs a realizar um debate sobre o tema. A premissa do livro é educar as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias.

Crianças negras e adolescentes ainda vivem em contextos de desigualdades. São vítimas do racismo nas escolas, nas ruas, nos hospitais ou aldeias e, às vezes, dentro de suas famílias. Deparam-se constantemente com situações de discriminação, de preconceito ou segregação. Uma simples palavra, um gesto ou um olhar menos atencioso pode gerar um sentimento de inferioridade, em que a criança tende, de forma inconsciente ou não, a desvalorizar e negar suas tradições, sua identidade e costumes.

Portanto, Erivania destaca sobre a importância da obra como estímulo à conscientização. “A obra traz uma importante reflexão para as questões raciais no imaginário e na vivência infantil no ambiente escolar e fora dele . Trata com sagacidade o racismo estrutural que assola a sociedade brasileira e demonstra como tem caído por terra o mito da democracia racial no Brasil com tantas invisibilidades e violências que as populações negras,indígenas e amarelas sofrem  por aqui”, conta Brito.

Chamar a atenção sobre os impactos do racismo na formação de uma criança é reconquistar os valores e as atitudes que possibilitam o reconhecimento da riqueza da diversidade brasileira. “Na infância a criança passa pelo período muito rico quanto a aprendizagem, todos seus esquemas neurais favorecem a aprendizagem sendo assim mais fácil tratar de forma lúdica a formação de uma sociedade anti racista e que respeite o diferente partindo do olhar do universo infantil”, diz Erivania.

Questionada sobre a preocupação em se dirigir a um tipo de leitor específico, Erivania comenta: “Há uma intencionalidade que é desmistificar a visão presente na escola (eurocêntrica) determina o padrão de sucesso e beleza na sociedade. Por isso a escolha pelas crianças do lápis rosa clarinho  como o lápis cor da pele. O trabalho com o livro visa desconstruir essa visão equivocada que a escola e a Sociedade vem perpetuando e dar voz e poder a quem não preenche essa exigência”.

“Me incomodei  sempre com alguns aspectos não observados ou negligenciados nas escolas por caírem em conceito de “normalidade”, como : Fila de meninos e de meninas, brincadeiras de meninas e de meninos, e o destaque dado ao padrão de beleza, cultura e sucesso eurocêntricos”, acrescenta a autora. Onde está meu lápis cor da pele? Procura dar visibilidade às crianças pretas,  indígenas quanto à beleza da cor de sua pele e a força de sua etnia.

Contadora de casos

Erivania Brito é goiana, formada em pedagogia pela Universidade Federal de Goiás com habilitação para lecionar para o ensino fundamental e psicologia da educação para curso de formação de professores. Também é pós-graduada em neuropedagogia e psicanálise pelo Instituto Saber e Cultura e ‘O Lápis Cor da Pele’ é minha primeira publicação.

A goiana ainda não se julga como uma escritora, mas sim uma contadora de casos que podem causar pequenas ou grandes mudanças. Por meio de ilustrações variadas e textos curtos, o livro é ideal para ser trabalhado em sala de aula e no ambiente doméstico, enfim, onde houver aprendizagem e educação, para que o público infantil aprenda sobre diversidade e repense padrões de beleza. As vendas podem ser feitas inicialmente online  Caso tenha interesse em deixar o seu garantido entre em contato pelas redes sociais. É só procurar Erivânia Brito no Facebook ou seguir @erivaniaribeiro no Instagram e mandar sua mensagem.