Antes de morrer, Barbosinha gravou programas até o dia 9 de abril

Radialista morreu na manhã de quarta-feira logo após a transmissão do programa que havia deixado gravado

Postado em: 24-03-2022 às 09h38
Por: Yago Sales
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Radialista morreu na manhã de quarta-feira logo após a transmissão do programa que havia deixado gravado | Foto: Reprodução/Facebook

Ravena Carvalho quase ficou em silêncio ao ouvir, da produção do Jornal da Sucesso, ao vivo, a informação da morte do colega de emissora, Henrique Barbosa dos Santos, o Barbosinha, na manhã de quarta-feira (23).

Âncora do Jornal da Sucesso, Ravena contou aos ouvintes que o rádio goiano havia perdido o principal locutor que aliava generosidade, interação e música. Das antigas às atuais. Aos 75 anos, o radialista transmitia diariamente, na madrugada da Rádio Sucesso, o Programa do Barbosinha, um dos grandes recordistas de audiência de emissoras radiofônicas em Goiás. Ele morreu minutos depois que o programa dele, que havia sido gravado até o dia 9 de abril, tinha acabado.

A grade do jornal apresentado pela Ravena se converteu, imediatamente, em um espaço de tributo ao ícone do rádio goiano. Ouvintes emocionados enviaram áudios e uma reportagem do Oloares Ferreira, da Record TV, em que Barbosinha contava a própria história, foi transmitida.

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Barbosinha achava que tinha infecção alimentar e pede até dia 9 de abril para procurar um médico para tratar. O último programa ao vivo foi o da última segunda-feira. Depois de fazer exames,foi chamado às pressas na terça-feira (22) para a sala de cirurgia, que tentava tratar uma inflamação na região abdominal. Um choque anafilático silenciou a voz de Barbosinha na manhã desta quarta-feira. Antes de falecer, ele enviou um áudio ao Ravi, técnico responsável pelos programas da emissora. “Estava sorridente”, lembra Ravena, em entrevista ao jornal O Hoje.

Com o jeitão despojado, o baiano de Santa Maria da Vitória, dedicava-se ao maior programa de música sertaneja e caipira de Goiás. Acordava antes de o sol nascer. Adorava a programação da madrugada. Na rádio Sucesso, apresentava o programa entre 3h e 7h nos últimos dez anos na emissora. Foram 57 anos de carreira: de técnico a locutor.

Interagia com o ouvinte, anunciava com entusiasmo a clientela, deixava o ouvinte informado com o horário e ainda pegava no pé de crianças manhosas e resistentes a acordar para a escola. Sempre com humor, bordões que ele consolidou em décadas de convívio com a rotina de conversar, como amigo, com os ouvintes.

Ele sorteava cestas de café aos “queridos amados ouvintes”. Aproveitava datas comemorativas, como o Dia dos Namorados, para reaproximar desapaixonados e preparar novos romances com a trilha sonora que acompanhava goianos tanto no trânsito quanto no caminho da roça. Nos fones de ouvidos ou nos alto-falantes de camionetes, a morte de Barbosinha deixou o rádio empobrecido, sem o vozeirão que emitia o carisma e, principalmente, o talento de trazer sossego e música às pessoas. 

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