Filme brasileiro ‘Paloma’ estreia no Festival Internacional de Cinema de Munique com enredo que instiga discussões sociais

Premiado diretor, Marcelo Gomes está à frente do longa-metragem ‘Paloma’, que tem estreia nacional no segundo semestre

Postado em: 10-06-2022 às 10h08
Por: Lanna Oliveira
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Premiado diretor, Marcelo Gomes está à frente do longa-metragem ‘Paloma’, que tem estreia nacional no segundo semestre | Foto: Divulgação

Uma mulher trans em busca da realização de um sonho é o tem central da trama do filme ‘Paloma’, do diretor Marcelo Gomes. O longa-metragem promete promover discussões importantes em sua estrela, que será no Festival Internacional de Cinema de Munique, do dia 23 de junho a 2 de julho. Inspirado numa história real, a produção traz a estreante Kika Sena, interpretando uma mulher transexual que sonha em casar na igreja mas tem que lidar com a recusa do padre e o preconceito das pessoas de onde mora.

Kika, arte-educadora, diretora teatral, atriz, poeta e performer, interpreta Paloma, uma mulher trans que trabalha como agricultora no sertão de Pernambuco. Seu maior sonho é se casar na igreja, com seu namorado Zé, interpretado pelo ator Ridson Reis. Eles já vivem juntos, e criam uma filha de 7 anos chamada Jenifer (Anita de Souza Macedo). O padre, porém, recusa o pedido, mas nem por isso Paloma desistirá de realizar seu sonho. A recusa do padre em aceitar seu pedido obrigará Paloma a enfrentar a sociedade rural.

“Quando paro para pensar em toda a minha história de vida, concluo que ocupar um espaço em um filme, além de uma realização pessoal, era também um grande ato político, porque tinha e tem muito a ver com a ocupação de corpas pretas e periféricas e transvestigêneres em produções cinematográficas de reverberação nacional e internacional. Porque não estamos acostumades a ver a natureza de pessoas trans e travestis, nesse contexto, para além dos estereótipos”, afirma Kika, que estreia como protagonista neste filme.

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Premiado como diretor, Marcelo Gomes também assina o roteiro com Armando Praça e Gustavo Campos. Ele conta que a ideia para o filme veio de uma notícia que leu no jornal. “Era sobre uma mulher transgênero que morava em uma pequena cidade do interior do Pernambuco, e cujo maior sonho era se casar em uma igreja católica, toda vestida de branco. A imagem ficou na minha memória por anos porque incorporava várias contradições em um único ato. Eu pensei que essa história singular deveria se tornar um filme”.

Em sua equipe artística, ‘Paloma’ conta Pierre de Kerchove que também trabalhou nos filmes ‘Eu quero voltar sozinho’ e ‘Joaquim’, na direção de fotografia; Rita M. Pestana, que contribuiu com ‘Fortaleza Hotel’, assina a montagem; e a direção de arte é de Marcos Pedroso, dos filmes ‘Cinema, Aspirinas e Urubus’ e ‘Madame Satã’. O casting foi feito por Maria Clara Escobar. E a preparação de elenco por Silvia Lourenço. Por fim, a produção do filme é de João Vieira Jr. e Nara Aragão.

Retratando uma personagem que sofre violência, traição, preconceito e injustiça, o filme ‘Paloma’ fala também sobre a inabalável fé de que tudo dará certo da personagem. A história instigará diversos debates importantes e sensíveis a polarização que vive-se hoje. “Acredito que ele trará muitas discussões a respeito do que consideramos como ‘família’, além de ser um espaço de ocupação dos nossos corpos reais no cinema”, considera Kika. O diretor por sua vez, conclui que Paloma representa o desejo de uma experiência completa do que se entende por casamento.

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