Cinema de Gramado relembra Ibrahim Sued em 50º edição

É a primeira vez que o Festival de Cinema de Gramado tem uma mostra competitiva só com documentários

Postado em: 15-07-2022 às 09h08
Por: Lanna Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Cinema de Gramado relembra Ibrahim Sued em 50º edição
É a primeira vez que o Festival de Cinema de Gramado tem uma mostra competitiva só com documentários | Foto: Divulgação

Estrear uma produção em um festival de cinema de grande relevância é o início do sucesso internacional. Um dos principais eventos cinematográficos que possibilita essa visibilidade é o Festival de Cinema de Gramado, que entra em sua 50ª edição. Ele ocorre de 12 a 20 de agosto, de volta ao formato presencial e já começa a divulgar os participantes de 2022. Um dos selecionados é o documentário ‘Ademã – A vida e as notas de Ibrahim Sued’, dirigido por Isabel Sued e Paulo Henrique Fontenelle.

O jornalista Ibrahim Sued tem sua trajetória narrada por sua filha Isabel Sued no documentário ‘Ademã – A vida e as notas de Ibrahim Sued’. Produção esta, que por meio de relatos emocionantes, de entrevistas, fotos e filmes do arquivo pessoal, traçou uma linha do tempo da vida de uma figura fundamental da imprensa brasileira, dos anos 50 até sua morte, em 1995. Ibrahim foi um jornalista que inovou e criou seu estilo na imprensa escrita através da sua coluna diária, que durou 45 anos.

“Arrumando o escritório do meu pai, achei um arquivo imenso, cheio de riquezas, com jornais, livros, fotos, vídeos, anotações e resolvi fazer um livro que reunisse as notas mais interessantes e engraçadas (‘Em Sociedade tudo se sabe’, Editora Rocco, 2001). Foi daí que surgiu a ideia de me lançar nesta aventura, inicialmente um curta metragem, mas o projeto cresceu. Cada um tem a sua própria temporalidade, foram cerca de 15 anos para realizar o documentário. Nesse percurso, tive dificuldades, mas não desisti e segui em frente”, relembra Isabel.

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Com ele, o colunismo ganhava novo formato, deixava de noticiar somente as fofocas e passava às notas de maior conteúdo informativo. Mas, sobretudo, era fruto da vaidade da sociedade carioca. Gerou o maior frisson a lista das 10 mulheres mais belas, mais elegantes. Ele enchia as notas de glamour, notícia e malícia. Filho de imigrante libanês, Ibrahim Sued também foi fotógrafo e radialista, apresentava o telejornal ao vivo no início da TV e, no final do programa, dava seu furo (notícia em primeira mão), sua marca registrada.

Não é por outra razão que até hoje muitos profissionais de imprensa se inspiram em seu estilo, seja no jornal impresso ou na TV. Pela Coluna do Ibrahim desfilaram as mais famosas personalidades do Brasil e do mundo. Reis e rainhas, presidentes, políticos e empresários, esportistas, artistas e todo tipo de gente famosa passaram pelas 15 mil edições que ele fez entre 1946 e 1995. As socialites, hoje rebatizadas como celebridades, ele chamava de ‘locomotivas’ ou ‘dondocas’. As jovenzinhas ricas, de ‘cocadinhas’. E os inimigos, de ‘buzuntas’.

Isabel revela que durante suas pesquisas, conheceu outras nuances de seu pai. “Descobri segredos de família, encontrei pessoas interessantes ao longo do caminho. E havia aquele motor que acelerou a minha vontade em saber mais sobre o meu pai, sempre através do olhar de pessoas que conviveram com ele. Estou feliz em poder realizar esse meu primeiro filme com um olhar novo sobre meu pai”. O pano de fundo dessa narrativa é a vida glamurosa do Rio de Janeiro, com seus costumes, sua moda, sua política e outros detalhes da época.

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