Uma noite de Sevilla em Goiânia

Orquestra Filarmônica de Goiás apresenta ópera ‘Carmen’ na quinta (21) e na sexta (22)

Postado em: 20-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Orquestra Filarmônica de Goiás apresenta ópera ‘Carmen’ na quinta (21) e na sexta (22)

GUSTAVO MOTTA*


O Centro Cultural Oscar Niemeyer recebe, amanhã (21) e na sexta (22), a apresentação da ópera Carmen – uma das peças mais populares do gênero – interpretada pela Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG), sob a sob regência do inglês Neil Thomson, regente titular e diretor artístico. O evento fecha a temporada 2017 da OFG. A entrada é  gratuita nos dois dias.   

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“A composição é uma das mais significativas do repertório operístico, e descreve cenas do cotidiano, retratando pessoas reais com emoções reais”, destaca o maestro. A trama se passa na cidade espanhola de Sevilla, que acompanha o trágico e desesperador romance entre o cabo Don José e a protagonista, que o afasta de sua noiva, Micaela. Na ópera, a história de amor entre os dois transforma o militar honesto e decente em um fora-da-lei.


Apresentação

“Don José era um soldado ingênuo que foi seduzido por Carmen, uma cigana encantadora, mas que perdeu o amor quando ela se apaixonou pelo toureiro Escamillo”, conta Thomson. Louco de ciúmes, José mata Carmem no final. “A peça foi vista como algo novo no ambiente musical francês, e por isso causou muita polêmica em sua época de estreia”, pontua o maestro. Segundo ele, a orquestra vai executar uma ópera completa pela primeira vez: “É um momento histórico. Acredito que esse vai ser um dos pontos altos da temporada”. 

O regente tem altas expectativas sobre os concertos, e diz que sempre gosta de encerrar o ano com “algo espetacular”. A apresentação vai ser realizada no formato de ‘cortina lírica’, comum às exposições musicais orquestradas. “Não temos preocupações com figurinos, cenários ou marcações de cena”, ressalta Thomson.


Elenco

O elenco conta com a soprano Denise de Freitas, que interpreta Carmen. “A cantora é uma das grandes estrelas do mundo musical no Brasil, e sua performance de Carmen é famosa”, conta o maestro. “Foi uma alegria imensa receber esse convite da Filarmônica”, afirma a meio-soprano. 

“Realizei trabalhos emocionantes interpretando obras maravilhosas com maestros, orquestras e músicos diferentes, que me trouxeram suas particularidades e garra para manter a música clássica no Brasil”, conta. A solista foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como Melhor Cantora Lírica do Ano.

Compõem o conjunto os solistas Hélenes Lopes (Don José) e Daniele Nastri (Frasquita). Também participam Michael Silveira, Ângela Barra, Jadson Álvares, Hudson Ayres, e Patrícia Mello, que encarna a sensível Micaela, personagem que faz contraponto à sensualidade de Carmen. Patrícia está na quarta montagem da ópera aos palcos, e diz que sempre se encanta com o papel de Micaela. “A música do Bizet é quente, viva, envolvente e apaixonante”, aponta a artista.

O elenco promete ambientar o público em Sevilla, onde ocorre a trama. A exposição de Carmen conta com o apoio do Coro Sinfônico de Goiânia, além de convidados especiais, e 53 músicos da OFG. A orquestração da peça inclui harpa, flautim, flauta, oboés, clarinetes, fagotes, trompetes, trombones, trompas, e instrumentos de cordas e percussão.


‘Carmen’

A ópera foi duramente criticada em 1857, ano de estreia em Paris, devido ao conteúdo, que foi considerado transgressor. Thomson explica: “O realismo vívido e a sexualidade explícita da ópera foram considerados chocantes pela plateia conservadora que frequentava as casas de ópera parisienses”. A peça começou a ganhar notoriedade após a morte do compositor, Georges Bizet, com a apresentação de Carmen em Viena, na Áustria. Desde então, a composição ganhou admiradores notáveis como o músico Johannes Brahms e o filósofo Friedrich Nietzsche.

O primeiro registro da apresentação em solo brasileiro data de 1881, no Rio de Janeiro. Desde a estreia no Teatro D. Pedro II, a composição já foi exibida em 30 temporadas no mesmo local. A peça se divide em quatro atos, e se baseia no romance homônimo de Prosper Mérimée, que foi ponto de partida para Georges Bizet criar a ópera. Entre as mudanças na adaptação das páginas aos palcos, o autor retirou dois assassinatos da trama e introduziu a personagem Micaela, que é afastada de Don José pela sensualidade de Carmen.


Temporada

Em 2017, a Orquestra Filarmônica de Goiás realizou 40 apresentações para um público de 60 mil pessoas. Ao longo de sua 4ª turnê pelo País, a OFG apresentou composições de Tchaikovsky e Brahms, com estreia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e espetáculos na programação do Festival de Inverno em Campos do Jordão (SP), o maior evento de música clássica no Brasil. Além das apresentações com música clássica, a temporada levou o grupo ao palco com o cantor Lenine, em espetáculo para 2,5 mil pessoas.

“Desde 2014, temos nos aprimorado”, afirma Thomson. O maestro pontua que a orquestra gravou um terceiro disco, no último mês de  novembro –  com o produtor Ulrich Schneider –, com composições do brasileiro César Guerra-Peixe. De acordo com o regente, o produtor sentiu uma melhora na qualidade dos músicos em relação ao ano anterior. “Também estamos sendo reconhecidos como a terceira melhor orquestra no Brasil”, comemora ele.

Em Goiânia, o destaque da temporada 2017 ficou por conta de apresentações no Parque Flamboyant e no Festival Bananada. Por meio da série Música Impopular, a orquestra levou um repertório inusitado a locais como o Centro Cultural Martim Cererê e o Bolshoi Pub. “Todos os grupos e conjuntos musicais devem almejar um crescimento contínuo”, afirma o regente.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov


SERVIÇO

Apresentação da ópera ‘Carmen’ pela Orquestra Filarmônica de Goiás

Quando: quinta (21) e sexta (22)

Onde: Centro Cultural Oscar Niemeyer – CCON (Av. Deputado Jamel Cecílio, nº4.490, Setor Fazenda Gameleira – Goiânia)

Horário: 20h30

Entrada gratuita 

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