Grupo Vida Seca se apresenta no Teatro do IFG nesta sexta-feira

O grupo oferecerá oficina 'lixo ritmado, batuque reciclado', gratuita no dia 27 de agosto

Postado em: 19-08-2022 às 08h59
Por: Elysia Cardoso Ferreira
Imagem Ilustrando a Notícia: Grupo Vida Seca se apresenta no Teatro do IFG nesta sexta-feira
No mesmo mês, Vida Seca imergiu numa formação com o luthier para aprimorar os conhecimentos sobre construção de instrumentos | Foto: Divulgação

Sucatas ganham ritmo e melodia com o grupo Vida Seca nesse mês de agosto. O quarteto se apresenta no Teatro do IFG às 20h nesta sexta-feira (19). Sucatas ganham ritmo e melodia com o grupo Vida Seca nesse mês de agosto. O quarteto se apresenta no Teatro do IFG às 20h, resultado de residência artística com o mestre-luthier Márcio Vieira: a comarimba e o microxilo. 

Essa atividade faz parte do ProvocaSom, projeto de manutenção do grupo. Com o ProvocaSom, Vida Seca tem como objetivo aprimorar seu próprio trabalho de pesquisa musical e criação de instrumentos a partir de materiais descartados e ampliar o acesso do público a esse universo. A programação teve início em julho com uma oficina de construção de instrumentos conduzida pelo artista mestre em lutheria Márcio Vieira, em Pirenópolis. 

No mesmo mês, Vida Seca imergiu numa formação com o luthier para aprimorar os conhecimentos sobre construção de instrumentos. Em setembro, a partilha segue com o lançamento de uma cartilha com a metodologia e instrumentos utilizados pelo grupo.

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Novos instrumentos

A comarimba, novo instrumento do grupo construído na residência com Márcio Vieira, é feita de tubos de alumínio. Trata-se de um instrumento inédito para o Vida Seca. O luthier já havia construído um parecido com esse para o projeto Diversom, mas trabalharam num modelo específico para o grupo: uma versão menor, com uma escala de 43 notas e com um compensado de madeira reaproveitada, que serve como uma caixa para transporte e também para amplificar o som. Além da madeira, o grupo usou borracha, prego e fio para essa construção. Já o microxilo é um xilofone com o mesmo princípio de divisão de notas da comarimba, em que explora-se a microtonalidade. Essa é a primeira vez que o grupo usa essa técnica de divisão num instrumento de teclas de madeira, que conta com 22 notas. 

O grupo

O grupo Vida Seca desenvolve desde 2004 um trabalho pioneiro em Goiás em que pesquisa e cria instrumentos com materiais descartados e alternativos. Com os integrantes Danilo Rosolem, Igor Zargov, Ricardo Roqueto e Thiago Verano, latas de tinta, de óleo lubrificante e pedaços de calha para fiação elétrica se tornam uma bateria, ou melhor, uma sucateria. Teclas de porcelanato se tornam uma marimba, ou um porcelanotofone. 

Mangueiras e funis se transformam em um instrumento de sopro. Trata-se de uma longa trajetória de pesquisa em luthieria contemporânea em que o grupo construiu e criou diversos instrumentos, partindo de ideias originais ou de pesquisas de trabalhos já existentes, montando um acervo instrumental único no estado. Este trabalho resultou num acervo instrumental diferenciado e de sonoridade particular, com o qual criou um repertório de música autoral influenciada por musicalidades experimentais e populares. 

Em 2022, com o projeto ProvocaSom, o grupo visa aprimorar esse trabalho e compartilhar com um público ainda maior essas experiências e conhecimentos que não são apenas musicais, mas carregam um peso social. Com este trabalho, o grupo ressignifica e transforma o sentido de materiais descartados pela sociedade que contribuem para um desequilíbrio ambiental. Assim, Vida Seca aposta na arte como ferramenta para mobilização social. “Nosso trabalho é sobre estar num lugar onde você não tem possibilidade de acessar instrumentos musicais e, usando os próprios objetos que estão ao seu alcance, você cria arte e mobilização social”, compartilha Ricardo Roqueto.

Cartilha

Por mais de uma década, Vida Seca conduziu diversos trabalhos de formação musical, com o foco em crianças e jovens, em que, além de formar blocos, ensinava sobre a construção de instrumentos básicos de percussão, como tambores, chocalhos e triângulos. A formação sempre veio acompanhada de uma ampla discussão sobre a origem dos materiais utilizados, estimulando a reflexão sobre a forma de viver e produzir em sociedade. 

Para manter seu propósito de democratizar e compartilhar conhecimento musical, o grupo lançará uma cartilha de formação de blocos de percussão a partir de sistematização da metodologia desenvolvida durante sua trajetória. O material inédito será compartilhado com escolas da rede pública de ensino e demais interessados. O lançamento será virtual no dia 9 de setembro.

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