Sonhos da minha terra

O cantor Zezé Di Camargo resgata suas origens e se conecta com sua essência em novo trabalho ‘Rústico'

Postado em: 20-10-2022 às 13h07
Por: Lanna Oliveira
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O cantor Zezé Di Camargo resgata suas origens e se conecta com sua essência em novo trabalho ‘Rústico’. | Foto: Reprodução

Inspirado pelo amor que o tornou o sucesso que é, Zezé Di Camargo inicia seu novo projeto conectado com a mais pura essência do Mirosmar nascido aqui. ‘Rústico’, nome dado ao DVD gravado em São Paulo, agora se transforma em uma grande festa. A nova versão da ‘menina dos olhos’ do cantor estreia em Goiânia neste sábado (23), no CEL da OAB e conforme o próprio cantor diz, é o lugar para compartilhar bons momentos. O festival conta ainda com a apresentação das duplas Di Paulo & Paulino, Guilherme & Benuto e Vini & Bisioli.

O cantor Zezé Di Camargo se desafia mais uma vez. Disposto a encarar novos caminhos, ele lança o festival ‘Rústico’. Em entrevista ao Essência, o artista declara que o projeto nasceu de um momento delicado. “Foi em meio a adversidade da pandemia que nasceu o ‘Rústico’. Sem a possibilidade de fazer shows fui para minha fazenda com a família e lá me reconectei com a vida mais simples. Andei a cavalo, pesquei com meu pai que estava doente, toquei violão e vi que precisava da música naquele momento”, revela.

Ao lado do músico e produtor musical Felipe Duran, seu companheiro de confinamento, compôs várias músicas do repertório, além das regravações que estarão presentes. Ele adianta algumas canções: ‘Banalizaram’, ‘Pedras’, ‘Fraude’, ‘35 latas de cerveja’ e ‘Vou ter que tomar uma’. Também com a promessa de hits de sua autoria e que marcaram a trajetória da dupla que tem com o irmão Luciano. Sendo assim, clássicos como ‘É o amor’, ‘Muda de Vida’, ‘Dois Corações’, ‘Pão de amém’ e ‘Flores em Vida’ vão agitar o público goiano.

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Para Zezé, o novo trabalho vai além de uma marca, é um conceito que ele carrega em seu íntimo e se sente pronto para compartilhar com o mundo. “Rústico nada tem a ver com brutalidade ou grosseria. Pra mim é estar conectado com suas raízes, valorizar de onde veio e ser coerente com sua verdade”, explica. Para reforçar sua versão mais pura e simples ele escolheu a capital goiana, onde tudo começou para ele. O cantor relembra que desde as memórias mais pessoais, até às profissionais tiveram início em Goiânia.

Esse encontro de gerações sertanejas, com toda certeza, será um marco para a Capital do Sertanejo, berço do gênero. “A ideia é que o público reviva os momentos mais áureos do sertanejo na véspera de aniversário da cidade mais ‘xonada’ do País.  ‘Rústico’, a festa, chega no dia 23 de outubro, com participação de Di Paulo e Paulino e Guilherme e Benuto, pessoas que admiro e tanto representam o sertanejo”, afirma Zezé Di Camargo. Com datas marcadas para 2023, o festival já começa entre os maiores e mais importantes.

Visivelmente apaixonado pelo que está por vir, Zezé Di Camargo tem consciência do legado que tem construído ao longo de mais de 40 anos cantando. Ao ver suas músicas tocando nos sons dos jovens, regravadas por duplas consagradas e também pelas mais novas, se sente homenageado. “Me sinto lisonjeado quando vejo duplas como Henrique & Juliano e Zé Neto & Cristiano ouvindo minhas músicas na resenha. Quando o Zé Neto me liga às 2h, já imagino o que vem por aí (risos), ele ouvindo minhas músicas tomando umas”.

E por falar em resenha, não pense que ele fica de fora, ele faz parte da turma animada. De forma descontraída, ele revela ao Essência que passagens bem animadas de suas folgas. “Uma vez, eu na sanfona e Chitãozinho no violão, fomos pra sua fazenda e começamos a cantar músicas que gostamos e não vimos a hora passar. Quando percebemos todos tinham ido dormir e sem pensar resolvi que já que eles não queriam nos ouvir, cantaríamos pro pé de coqueiro do quintal. Dizendo o Chitão, se ele pudesse também correria da gente (risos)”. 

Seguindo essa premissa, de unir cantores para celebra o sertanejo, Zezé não descarta participações de outros gêneros. Mas deixa claro que é preciso entender a filosofia ‘rústica’ que ele leva para a vida e fazer jus a simplicidade e conexão com suas raízes que ele acredita ser pilar importante desse novo momento. “Zeca Pagodinho e alguns cantores do nordeste representam bem o que acredito ser o jeito rústico de viver”, pensando sobre possíveis futuros convidados para o evento.

Enxergar a vida com mais beleza, profundidade e simplicidade me parece nortear os rumos da carreira do cantor. Preservando seu legado, mas sem deixar de pensar na dupla Zezé Di Camargo & Luciano, ele se desafia, se renova e garante que só para quando aqui não estiver mais. “Além da música, parte importante do meu legado é contribuir com a população. Por isso estou me dedicando à construção do Hospital de Câncer de Goiás sem apoio público. Conto com colaboradores e já conseguimos construir 30% do projeto”, divulga o projeto pouco conhecido.

Assim, expondo versões que agora tem oportunidade de mostrar por ter dado uma pausa na parceria com o irmão, ele canta o amor. Sonhou com o projeto ‘Rústico’ em um momento difícil, idealizou ainda na pandemia e agora apresenta-o para o Brasil. “Estou totalmente dedicado a minha ‘menina dos olhos’. Quero que a label ‘Rústico’ torna-se referência quando se falar de Zezé Di Camargo. Quero rodar o Brasil levando esse sonho para todos”, termina a entrevista. É fato de que a história da música popular brasileira está sendo escrita debaixo dos nossos olhos.

Mais rústico que nunca

Zezé Di Camargo transforma seu projeto ‘Rústico’, gravado em São Paulo, em uma grande festa e a estreia ocorre para brindar aniversário de Goiânia. A cada edição, o anfitrião e diferentes convidados dão o tom ao plano do cantor: mostrar o ‘Rústico’ como sua marca e ainda o sinônimo do estilo que ele escolheu para viver desde que começou a pandemia. O resultado traz DVD, EPs e, além das apresentações mensais, uma label criada e assinada por Emanoel Camargo, irmão e empresário do artista, ao lado de Luiz Henrique, do comercial. 

Com direção de Anselmo Troncoso, produção musical de Felipe Duran, supervisão geral de Emmanoel Camargo e artística com assinatura de Rafael Vannucci, ‘Rústico’ foi registrado pela primeira vez no final do ano passado, na Villa Cavalcare, uma charmosa casa de eventos na capital de Goiás. “Por conta do isolamento social, provocado pela pandemia, eu me instalei na minha fazenda em Araguapaz (GO), onde criei e desenvolvi ‘Rústico’, que resgata ainda mais a minha essência de homem do campo”, relembra. 

Ele não só declamou, como até profetizou em um poema que escreveu há alguns anos: “Nasci numa casa branca, fincada num pé de serra, onde canta os passarinhos e é mais bela a primavera. Sou da terra onde o mato fica verde o ano inteiro, sou do estado que pulsa o coração do brasileiro… Sou menino viajante em busca de algo mais, mas um dia eu volto e planto os meus sonhos em Goiás”. No fundo é isso, com a ausência dos shows, voltou às origens, levou e levou sua família para a fazenda. “Lá, dia a dia, crescia a vontade de produzir algo com o meu jeito de ser. É bem assim: plantar os sonhos na minha terra”, afirma Zezé Di Camargo.

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