15 anos com a proposta de democratizar o acesso à cultura

‘Galhofada’ leva teatro, dança, música, circo e oficinas para um público diverso

Postado em: 25-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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‘Galhofada’ leva teatro, dança, música, circo e oficinas para um público diverso

GABRIELLA STARNECK*


A 15ª edição da Galhofada – Pequena Mostra Internacional de Artes Cênicas de Rua começa, nesta sexta-feira (25) e se estende até domingo (27), na Ilha da Galhofa. Durante três dias, o evento traz uma ampla programação cultural e gratuita – com teatro, dança, música, circo e oficinas – para as ruas de um dos setores mais antigos da capital, o Pedro Ludovico. “A proposta da Galhofada é levar ações culturais para as pessoas que não costumam visitar espaços culturais, e que residem em bairros mais afastados. Além disso, o intuito é promover uma interação do artista com o público’, afirma Marcos Lotufo, coordenador geral do festival.

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A mostra é realizada por meio da mobilização do trabalho voluntário de diversos produtores, técnicos, artistas, estabelecimentos comerciais e moradores da região, entre outros diversos profissionais que auxiliam na ação. Marcos Lotufo ressalta a importância dessa coletividade: “O que pensamos ser mais importante no evento é a parceria, que é expressa tanto pelos participantes, quanto pelos moradores durante toda a preparação e execução da mostra. É o que costumamos chamar de economia solidária – não lida com a troca de dinheiro, mas sim de serviços”.


Evento

A Galhofada é uma pequena mostra de artes de rua, criada e organizada por artistas e produtores culturais de Goiânia e cidades vizinhas. Um trabalho sem fins lucrativos, que une a arte ao fazer social. O intuito do evento é democratizar o acesso à cultura e, durante esses 15 anos de estrada, a proposta parece ter funcionado.  De acordo com a organização, nas últimas 14 edições, a Galhofada atingiu um público de mais de 50 mil expectadores, além de ter reunido mais de 300 artistas, produtores e colaboradores neste grande palco que é a rua.

“A solidariedade, o compromisso, o profissionalismo, a competência, a fibra, o carinho e a disposição de toda uma população, de fazedores e consumidores de cultura, prontos para trocar de papel a qualquer instante, pode ser medida nessas 15 Galhofadas”, afirma Marcos Lotufo. O nome da mostra quer dizer grande galhofa. Galhofar é gracejar, divertir-se ruidosamente. 

A primeira edição da Galhofada, que aconteceu em 2004, foi criada com o intuito de ser a única, mas, segundo o organizador do festival, não foi possível restringir o evento a uma única edição: “Não deu. A experiência foi tão rica, tão gostosa, que não pudemos resistir. Veio a segunda, a terceira e, agora, a 15ª edição. Para explicar o que é, não tem jeito, só mesmo participando”. 

A Galhofada acontece no Setor Pedro Ludovico desde a sua primeira edição. Segundo Marcos Lotufo, como a mostra teve uma boa aceitação no setor, o evento se manteve na região e já virou uma tradição para os moradores que residem no local. O organizador ainda destaca outra questão: “Aqui no Setor Pedro Ludovico tem a Oficina Cultural Geppetto, e isso facilita muito a realização da Galhofada, porque é um espaço físico de apoio e um centro de referência. Além disso, ao lado do local, tem a Alameda Henrique Silva, de pouca movimentação, o que propicia esse tipo de evento por facilitar o pedido de fechamento da rua”.


Programação

A Galhofada, desde sua primeira edição, se preocupa em garantir algum tipo de contato mais formativo entre o público e as diversas manifestações artísticas que subiam ao palco. Essa visão permanece até hoje, por isso, estão abertas as inscrições para as diversas oficinas: Malabares; Pirofagia; Teatro Prático; Escultura com balão tripa; Da voz falada e cantada; Pintura de Gelateraturas; Brincadeiras Tradicionais de Rua; Jogos, Música e Percussão Corporal; Teatro de formas animadas;  AfroAfetos; Confecção de brinquedos para gatos e Confecção de brinquedos.

Além disso, durante o evento o público de Goiânia tem novas oportunidades de conhecer ou rever, gratuitamente, o trabalho de importantes artistas cênicos e musicais. O Galhofada conta com apresentações de teatro, dança, música e circo, além das feirinhas culturais de troca e atividades comunitárias de recepção ao público, como o Cortejo. Tudo gratuito e ao ar livre.


Importância e Desafios

Segundo o organizador geral do evento, o Galhofada é de extrema relevância pois promove a democratização do acesso à cultura, além de propiciar uma interação entre o artista e o público: “Eu acho que essa comunhão é interessante porque é um momento em que ao mesmo tempo que os artistas se apresentam como fazedores de cultura, eles posteriormente são expectadores. E, às vezes, um pedreiro que não se reconhece como produtor de cultura, por exemplo, passa a ser um ator. Essa partilha é muito importante, traz a riqueza ao evento”. 

Outro ponto que Marcos ressalta é o trabalho em conjunto: “Por exemplo, tem uma moradora que doou 150 pães de queijo para o evento. Já o Davi Romeira participa desde a segunda Galhofada cozinhando para cerca de 100 pessoas por conta dele. Ele faz as compras, consegue doações – são coisas que não é o dinheiro que conta, mas a vontade de fazer acontecer.

Para finalizar, o ator e diretor Hélio Fróes, da Cia de Teatro Nu Escuro, destaca: “O que recebemos em troca deste trabalho é a certeza de que estamos cumprindo um papel importante em nossa sociedade, levando arte e cultura para toda a cidade e, com isso, alavancamos o nosso trabalho, formando público e contribuindo para que estas pessoas reconheçam o artista como um profissional. Sem falar que estamos formando uma parceria muito importante com outros grupos, artistas e produtores que também são voluntários.” 

*Integrante do programa de estágio 

do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov


SERVIÇO

15ª Galhofada – Pequena Mostra Internacional de Arte de Rua

Quando: de sexta-feira (25) até domingo (27)

Onde: Ilha da Galhofa (Alameda Henrique Silva, Setor Pedro Ludovico – Goiânia)

Horários: das 17 às 21h (sexta) / das 08 às 21h (sábado)/ das 10:30 às 21h (domingo)

Entrada gratuita

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