Cresce casos de diabetes em Goiás

Houve aumento também na taxa de mortalidade por conta da doença

Postado em: 26-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Houve aumento também na taxa de mortalidade por conta da doença

MARCIO SOUZA*


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Dados do Ministério da Saúde revelam que a população com diabetes em Goiás chega a 320 mil pessoas. Os números mais preocupantes são referentes à taxa de mortalidade da doença. No ano de 2006, a mortalidade foi de 14,9 para cada 100 mil/habitantes, enquanto em 2015 subiu para 25,7 óbitos para cada 100 mil/habitantes, o que equivale a um aumento de 30,4%. Segundo dados da Secretaria do Estado da Saúde de Goiás (SES), a doença levou à morte 1.696 pessoas no Estado somente em 2015. Em 2016, foram internados 7.241 pacientes.

Para o gerontólogo, especialista em Nutrição Anti-inflamatória Leandro Zanutto, manter uma alimentação saudável é fundamental para quem vive com a doença. Ele afirma que, na prevenção e no tratamento, a dieta exerce um papel fundamental, sendo responsável pelo menos em 70% do controle do quadro. Também entra nessa conta outros hábitos saudáveis de vida como a prática de exercícios físicos moderados regulares, a perda de peso e o uso de algumas medicações a depender do caso.

O especialista lembra que o diabetes é uma doença silenciosa que leva a diversas complicações na saúde como causar derrame, cardiopatias, cegueira, infarto agudo do miocárdio, doenças renais e insuficiência circulatória nos pés que desencadeiam em amputação de membros inferiores. “Então, por mais que o paciente tome medicações e se exercite, se ele mantém um hábito alimentar errado a chance da doença progredir é muito alta”.

Zanutto explica que a alimentação saudável provavelmente deve ser a única maneira de evitar desenvolver a doença. E, para quem já vive com ela, manter uma alimentação equilibrada ajuda não só diminuir a dose das medicações, como até mesmo suspender o uso em alguns casos. “O alimento não substitui a medicação, mas faz com que elas trabalhem de forma mais eficiente, necessitando assim de doses menores para que se alcance o mesmo efeito terapêutico. E não é um alimento em si que tem esse poder, mas as respostas hormonais geradas pela combinação de alimentos que são capazes de restaurar o metabolismo hepático e muscular”, esclarece.


Dieta

Ele afirma que a melhor dieta para controle de diabetes é aquela que consegue restringir calorias do paciente sem fazer o mesmo sentir fome e sem restringir nutrientes essenciais para sua saúde. Mas alerta que modificações de medicações nunca devem ser feitas por conta própria; devem sempre ser orientadas por um médico em conversa com um nutricionista. 

Segundo ele, a dieta que mais se tem publicação científica com este intuito e tem mostrado não só controlar processos inflamatórios como também o diabetes chama-se zone diet (que usa um método exclusivo com foco na resolução da inflamação). “Ela propõe um equilíbrio entre carboidratos, proteínas e ácidos graxos numa proporção 40-30-30, utilizando carboidratos ricos em polifenóis e com baixa carga glicêmica, proteínas magras, gorduras monoinsaturadas e o balanço correto entre gorduras ômega 6 e ômega 3”, orienta.

Ele garante que os polifenóis, abundantes nessa dieta, potencializam o efeito da restrição calórica aumentando a atividade de uma enzima chamada de AMP-Kinase que melhora o metabolismo celular. “Em um estudo publicado no Diabetes Care (uma publicação americana sobre o assunto) em 1998, a zone diet reduziu a resistência à insulina, que é a causa primária do diabetes, em apenas quatro dias”, comenta.


Avanço da doença

Segundo estimativa do Ministério da Saúde, o número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8% nos últimos dez anos, passando de 5,5% da população em 2006 para 8,9% em 2016. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em abril de 2017, revelou que as mulheres passaram a representar mais diagnósticos da doença, o grupo passou de 6,3% para 9,9% no período, contra índices de 4,6% e 7,8% registrados entre os homens.

Zanutto afirma que o comum com a progressão da doença é o uso de mais e mais medicações para o controle do quadro. Porém, somente quando o limiar tóxico dessas medicações é alcançado e as drogas não são mais suficientes para controlar o quadro, é que costuma se pensar em fazer dieta. “Esta é a realidade de muitos pacientes que acreditavam que o uso das drogas seria suficiente para controlar o quadro. Mas é o inverso: quanto mais a doença progride, mais a alimentação deveria ser encarada como essencial, pois ela consegue atuar na causa do problema, que é a falta de resolução da inflamação, enquanto as medicações conseguem, na melhor das hipóteses, apenas atuar nas consequências dela”, lamenta.

Ele diz que a maioria dos pacientes e uma parte dos profissionais de saúde só buscam modificar a dieta quando as drogas não são mais eficazes em controlar o quadro. “Infelizmente, muitas vezes já é tarde para algumas consequências da doença – como amputações, degeneração macular e neurodegenerações. Mas nunca é tarde para começar a fazer o controle glicêmico pela dieta, melhorar o metabolismo dos tecidos e perder peso. Isso pode significar a diferença entre a morte e uma vida livre de mazelas”.

Nesta terça (26), Leandro Zanutto estará em Goiânia para uma palestra gratuita sobre diabetes, no Conselho Regional de Farmácia (CRF-GO), às 19h. É necessário fazer um cadastro prévio no site da zone diet (www.zonediet.com.br). 

*Integrante do programa de estágio 

do jornal O HOJE  

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