“A proposta é ir além da diversão, se comunicar com as pessoas”

Molho Negro, banda do Pará, apresenta, nesta quinta-feira em Goiânia, canções que trazem um clima de tensão social

Postado em: 26-09-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Molho Negro, banda do Pará, apresenta, nesta quinta-feira em Goiânia, canções que trazem um clima de tensão social

GABRIELLA STARNECK

ESPECIAL PARA O HOJE 

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Muito mais que divertir, as canções da banda Molho Negro objetivam se comunicar com o ouvinte. Por esse motivo, o grupo traz nas letras das músicas questões que são reflexos, de alguma forma, do momento que a sociedade vive. E o público goiano terá a oportunidade de acompanhar de perto esse trabalho, já que a banda Molho Negro se apresenta, nesta quinta-feira (27), no Cafofo Casa Estúdio, em Goiânia. 

O grupo irá apresentar a turnê Não É Nada Disso que Você Pensou, fruto do disco de mesmo nome, que foi gravado no ano passado. Contudo o vocalista e guitarrista da banda João Lemos conta ao Essência que esse show de Goiânia terá uma novidade:  “Na verdade, nessa apresentação também vamos  trazer singles do novo disco da Molho Negro, que será lançado em novembro. Por isso falo que, no momento, essa é uma ‘turnê transição’”. 

Molho Negro

Formada por João Lemos (voz, guitarra), Raony Pinheiro (baixo) e Augusto Oliveira (bateria), o trio paraense de rock está na estrada musical há sete anos. Todas as composições do grupo são autorais, com letras de João Lemos e melodia criada por todos os integrantes da banda, e tem como marca o clima de tensão social. Para João Lemos, temáticas voltadas para questões sociais sempre fizeram parte da trajetória do Molho Negro. “Eu acho que isso foi se tornando mais obvio, com o passar do tempo, tanto para a gente quanto para as pessoas que acompanham a carreira da banda. Isso faz parte da nossa identidade”. 

O vocalista e guitarrista ainda conta que por conta do contexto que a sociedade brasileira enfrenta tratar esses assuntos acaba sendo um reflexo da realidade: “Eu acho que, dentro do contexto em que a gente vive no País, isso acaba refletindo. Existe um posicionamento claro da banda, político e tudo mais, e a gente tenta, obviamente, não ser planetário em relação a isso, mas essas coisas acabam aparecendo quando você quer narrar uma história do cotidiano, então aparecem personagens naturalmente. Eu acho que a tensão, na verdade, não é algo proposital, mas sim o reflexo do momento em que vivevemos”.

Para João, um dos maiores desafios que Molho Negro enfrenta é lidar com mercado de música independe, porque o mercado está em constantes transformações. “Como esse mercado muda, diariamente, nós precisamos estar prontos para acompanhar e entender essas mudanças, e ainda se manter, artisticamente, relevante nesse meio. É um desafio acompanhar essas transformações, e, ainda assim, permanecer fiel ao que você quer dizer”, afirma o guitarrista. 

Trabalhos 

A banda, ao longo de sua carreira, gravou dois discos, Molho Negro e Não É Nada Disso que Você Pensou. Inclusive, como conta João, o primeiro EP da banda foi gravado na virada de 2011 para 2012, aqui em Goiânia, e, posteriormente, foi compilado a outros trabalhos, dando origem ao primeiro álbum do Molho Negro. Para o guitarrista, pouca coisa mudou do primeiro para o segundo disco: “Eu acho que a diferença entre os dois trabalhos da banda vem de um amadurecimento natural. A Molho Negro nunca mudou de formação, então só fomos criando uma sinergia melhor, melhorando as composições”. 

Contudo João afirma que uma mudança pode ser observada: a forma de tratar as temáticas sociais: “Eu acho que, no comecinho da carreira do Molho Negro, existia um tom muito sarcástico e irônico nos conteúdos das letras. Então as pessoas associaram muito a banda a essa identidade. Nesse disco Não É Nada Disso que Você Pensou, ainda tem um pouco disso, só que de forma mais série. Você já tentou contar uma piada para uma pessoa, várias vezes, e ela não entendeu a piada, e simplesmente ficou um gosto amargo? É mais ao menos essa sensação”.

O guitarrista da Molho Negro ainda afirma que a banda espera que as canções contribuam para que o público reflita  sobre questões sociais: “Eu acredito que, se isso acontecer, foi um objetivo atingido. Nós queremos que as composições tragam uma interpretação e até mesmo uma autocrítica. A proposta é ir além da diversão, se comunicar com as pessoas”. Neste ano, a Molho Negro irá lançar o seu terceiro disco, em novembro. Segundo João, o nome do novo álbum ainda não foi definido. 

Retorno do público 

Para o guitarrista da Molho Negro, o público tem recebido de forma positiva os trabalhos da banda. Entretanto ele destaca que é preciso entender que o público de rock se ‘constrói’, dia a dia, e não de forma imediata. “Por isso somos uma banda que faz muitas turnês vai para outras cidades para justamente tocar para as pessoas. A hora do show é um momento importante, pois as pessoas que gostam da sua música conseguem interagir com o grupo e participar do show. Eu acho que isso tem sido o mais importante, e nós percebemos que tem sido uma boa estratégia”. 

Sobre a expectativa pata a apresentação em Goiânia, João afirma estar empolgado: “É uma cidade onde  nós já tocamos muitas vezes, e a gente sempre gosta de voltar, porque acreditamos existir uma relevância em tocar na Capital. Em Goiânia, existe um público que se conecta com a gente, por isso buscamos tocar aqui para, assim, manter a cidade alimentada com o nosso trabalho”.

Ao vivo, as apresentações da Molho Negro são ‘explosivas e imprevisíveis’. O público goiano não pode imaginar como será o show, mas o grupo promete trazer as músicas, que também podem ser consideradas minimanifestos, Classe Média Loser, SUV e Mainstream.

SERVIÇO

Show com a banda Molho Negro (Pará)

Quando: quinta-feira (27)

Onde: Cafofo Casa Estúdio (Rua 121, nº 136, Setor Sul – Goiânia) 

Horário: 20h

Entrada: R$ 15 (ingressos na porta) 

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