A culinária como reforço da nossa goianidade

Aqui em Goiás, por exemplo, temos pratos típicos que vão virar briga se outro Estado afirmar que foram eles que criaram.

Postado em: 02-05-2021 às 17h06
Por: Augusto Sobrinho
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Os pratos típicos goianos representa a nossa tradição e identidade | Foto: reprodução

Falar de comida sempre é bom, melhor ainda se for sobre aquele prato que nos lembra de casa, da mãe ou dos avós. Comer fast food é uma delícia, mas não supera aquele arroz com feijão, que tem um tempero único, e resgata um sentimento de acolhimento, pertencimento e, principalmente, amor de casa.

Segundo uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Data Popular, o Brasil possuía, em 2015, cerca de 67 milhões de mães. Mulheres solteiras (31%), que trabalham (55%), e na maioria das vezes pertencem à classe média (55%). Mães, que voltam para casa depois de um dia cansativo de trabalho, e cozinham.

Dessas milhões de mães nenhuma faz um arroz igual ao que a minha faz. Nenhuma faz bolinho de chuva como a minha avó fazia quando eu era criança. Cozinhar vai além de refogar verduras e colocar sal, pois no cardápio há prazer, satisfação e também saúde.

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O estudo “Bolo de chocolate: Culpa ou celebração?”, publicado na Revista Appetit, reforça que, por um lado, a alimentação está fortemente ligada ao sentimento de celebração e prazer. As pesquisadoras Roeline Kuijer e Jessica Boyce, da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, relatam que quem come com prazer tem mais facilidade até para perder peso, por exemplo.

O momento de comer é aquele que nos reunimos com a família, com amigos e até mesmo para um primeiro encontro com o crush. Normalmente nós comemos aquilo que gostamos e isso está muito relacionado a uma tradição familiar e regional. Os pratos típicos são motivos de alegria para os moradores locais, curiosidade para quem é estrangeiro e até discussão entre Estados para saber “quem inventou”.

Aqui em Goiás, por exemplo, temos pratos típicos que vão virar briga se outro Estado afirmar que foram eles que criaram. Como aconteceu no início deste ano com o nosso Pequi. O deputado federal mineiro e delegado, Marcelo Freitas (PSL), quis tornar a cidade de Montes Claros, em Minas Gerais, como a “capital nacional do pequi”. Um absurdo, pois todo mundo sabe que este fruto está no DNA goiano.

Se não bastasse ter que ter essa conversa com Tocantins e a Bahia, veio Minas Gerais, que já roubou o pão de queijo, tentar pegar mais uma tradição que é característica da nossa goianidade. Não se pode mexer naquilo que é orgulho do goiano, naquilo que representa não só nossa culinária, mas também a nossa identidade cultural.

O pequi é um prato que ajuda na memória e não é só porque a gente come ele no almoço e o gosto fica na boca até no jantar. Mas uma memória coletiva, que passou por gerações e vai continuar sendo repassada para nossos filhos, netos e assim por diante. O chef de cozinha, Pedro Ernesto, que entende bastante de cozinha goiana, pois há 10 anos trabalha nesta área, fala sobre a importância dos pratos típicos para formação da identidade cultural em Goiás.

“Cada prato tem uma particularidade diferente de acordo com cada região. Os nossos pratos típicos retratam a nossa cultura e o que nos leva a sentir saudades e querer alegrar e comemorar. Pois se nós fazemos a comida é para comemorar e para fazer festa, é sempre uma coisa boa. Então, esse tipo de comida lembra a nossa cozinha ancestral, que foi passada por gerações, e é reconhecimento de raízes”, afirmou.

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