Igreja Universal recebeu mais de R$ 72 milhões de ‘faraó’ das criptomoedas

Igreja confirmou recebimento do valor; ‘faraó’ das criptomoedas foi preso pela Polícia Federal acusado de esquema de pirâmide .

Postado em: 31-08-2021 às 13h31
Por: Luan Monteiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Igreja Universal recebeu mais de R$ 72 milhões de ‘faraó’ das criptomoedas
Igreja confirmou recebimento do valor; ‘faraó’ das criptomoedas foi preso pela Polícia Federal acusado de esquema de pirâmide | Foto: Reprodução

A Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), estava incluída entre as 27 empresas e pessoas que receberam as maiores quantias da GAS Consultoria Bitcon e de seu dono, Glaidson Acácio dos Santos, preso na última semana por suspeita de pirâmide financeira. A Iurd entrou com uma ação judicial para antecipar provas, com receio de ser “envolvida em crimes que não praticou, pelo simples fato de ter recebido, de boa-fé” doações por parte do acusado.

Segundo levantamento realizado pela Receita Federal, a organização religiosa teria recebido aproximadamente R$ 27 milhões entre os anos de 2018 e 2019. Entretanto, a igreja confirma ter recebido valores ainda maiores, de R$ 72,3 milhões entre 2020 e 2021.

A ação foi enviada à Vara Cível de Cabo Frio dois dias após a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), terem deflagrado a operação que prendeu Glaidson, que já foi pastor da igreja. O documento foi assinado por 50 advogados.

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Ao jornal O Globo, o advogado da Universal, Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, confirmou que havia ações na Justiça contra Glaidson, porém, não poderia dar mais detalhes por esses processos correrem em segredo de justiça.

“Essa ação foi movida em sigilo e distribuída no sistema em sigilo. Eu não posso comentar uma medida judicial que eu mesmo pedi o sigilo. A Igreja já deu uma nota para prestar os esclarecimentos”, disse o advogado.

Em nota, a Iurd afirmou que Glaidson entrou no treinamento pastoral em 2003 e que foi desligado logo em seguida. A igreja afirma, também, que alertou fieis sobre possíveis golpes de criptomoedas. “Informamos que ele ingressou no treinamento pastoral da Universal em 2003 e foi desligado pouco depois por não atender aos padrões do ministério. Há alguns meses, a Igreja recebeu informações de que ele estaria assediando e recrutando fiéis e integrantes do corpo eclesiástico para participar de sua empresa, que demonstrava sinais que caracterizavam algum envolvimento com pirâmide financeira”, diz o documento.

Segundo a igreja, a partir de 2020, foi verificado um aumento expressivo no volume de doações vindo da GAS Consulturia. A igreja diz que questionou Glaidson sobre este aumento, ele, então, respondeu que “passava por grande prosperidade econômica”.

“Apesar da aparente justificativa, os valores das operações passaram a chamar muita atenção: nos últimos 14 meses, Glaidson efetuou transferências da ordem de R$ 12.813.000,00, enquanto a empresa G.A.S. doou R$ 59.490.000,00”, diz a nota.

Além disso, a Iurd afirma que antes mesmo de apresentar a ação na Justiça procurou o suspeito cobrando explicações. “Em razão do exorbitante valor — que foge totalmente ao padrão de doações dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus —, o bispo Jadson Santos, líder da Igreja Universal do Reino de Deus no estado do Rio de Janeiro, procurou Glaidson, cobrando informações, na tentativa de entender a real motivação de tal modo de proceder”, diz parte da ação.

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