Após o 7 de setembro, presidenciáveis defendem impeachment de Bolsonaro

Desafio de recém-chegados é unificar as bancadas para que o ato seja consolidado

Postado em: 10-09-2021 às 18h26
Por: Maria Paula Borges
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Desafio de recém-chegados é unificar as bancadas para que o ato seja consolidado | Foto: Reprodução

As falas golpistas do presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), no 7 de setembro geraram a renovação da defesa do impeachment, com adesão de novos partidos e presidenciáveis. O desafio para os recém-chegados como João Dória (PSDB) e Eduardo Leite (PSDB) ainda é unificar as bancadas do partido para a saída de Bolsonaro.

Em comum, os partidos e seus líderes negam cálculo eleitoral ao estimular a remoção do presidente, apesar de haver conversas sobre qual seria o melhor cenário para 2022 e resistência em formar uma frente ampla para elevar a pressão pelo impeachment. Além disso, políticos favoráveis à saída de Bolsonaro planejam engrossar a mobilização apesar da fragmentação da oposição e da sinalização do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que não levará o assunto ao plenário.

O ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou à Folha de São Paulo que um presidente nunca teve tantos motivos para ser retirado do poder. Lula vem defendendo o impeachment em entrevistas desde 2020 e as pesquisas indicam vitória ao petista sobre o atual presidente.

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“Nunca na história do Brasil um presidente teve tantas razões para ser ‘impichado’ como Bolsonaro. Seja pelos ataques às instituições e à democracia, seja pelo envolvimento com as rachadinhas e as milícias, seja pelo gabinete do ódio e das fake news, seja pelas sabotagens que promoveu no combate ao coronavírus. Já existem mais de 100 pedidos e nenhum foi votado porque pararam na presidência da Câmara. Os partidos políticos devem cobrar a abertura do processo de impeachment. O povo brasileiro não merece e não pode seguir sofrendo neste governo de destruição”, disse.

Falcão diz que o PT defende o impeachment não só porque Bolsonaro atenta contra a democracia, mas porque sua política é ‘nefasta para o povo’, com desemprego, crise hídrica, pandemia, inflação e devastação da Amazônia. Para setores petistas, a saída do atual presidente pode significar ganho duplo na eleição de 2022.

Após os atos bolsonaristas, além de PSDB, PSD e MDB abriram discussões internas sobre crimes de responsabilidade do presidente. Além disso, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, se posicionou a favor do impeachment.

Segundo a Folha de São Paulo, a pressão por atos de rua unificados cresceu, da esquerda e da direita, em resposta a Bolsonaro. A iniciativa mais ampla pelo impeachment, até o momento, foi o superpedido apresentado em junho por partidos de esquerda, entidades da sociedade civil, MBL e alguns deputados de direita.

Atualmente, há a discussão para convocar protesto de forma conjunta, enquanto protestos como “fora, Bolsonaro” do MBL e do “Vem Pra Rua”, marcado para este domingo (12/09), ganha adesão da esquerda. Para definir os próximos passos, o grupo de partidos já vêm tratando o tema de forma unificada, por meio de uma reunião para construir um ato nacional único.

A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, afirmou que foram convidados outros partidos, em especial aqueles que tem origem na luta pela redemocratização, mas só teve adesão por parte do Solidariedade.  Com dificuldade de separar a questão eleitoral, a deputada descartou a direita. “Não se trata de aderir a atos já marcados, mas de construirmos juntos o caminho”, escreveu no Twitter. Mas, após a reunião, publicou: “Incentivamos todos os atos que forem realizados em defesa do impeachment”.

O PSDB declarou na última quarta-feira (08/09) ser oposição a Bolsonaro, após votação unânime da executiva nacional. Entretanto, a nova direção tucana afirma que o modelo político e econômico petista também é responsável pela crise.

“Eu até hoje nunca havia feito nenhuma manifestação pró-impeachment, me mantive na neutralidade, entendendo que até aqui os fatos deveriam ser avaliados e julgados pelo Congresso Nacional, mas, depois do que assisti e ouvi hoje, […] Bolsonaro claramente afronta a Constituição, ele desafia a democracia e empareda a Suprema Corte brasileira”, disse Doria.

Além disso, Leite também declarou ser contra Bolsonaro. “Foi um erro colocar Bolsonaro no poder. Está cada vez mais claro que é um erro mantê-lo lá”.

O presidente do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, ressaltou que a bancada paulista defende o impeachment de forma unânime, mas que a decisão cabe ao presidente da sigla, Bruno Araújo. Parte dos parlamentares aderiu ao governo Bolsonaro. Dessa forma, as discussões sobre o impeachment atropelam outro entendimento que ainda não existe, o de qual será o candidato.

Segundo o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), o adesismo de deputados preocupados com emendas e sobrevivência eleitoral impede o impeachment na prática. “Bolsonaro tem vários crimes. O de terça é mais um. Ele tem que sair, está fazendo mal para o Brasil. Mas o comando dos partidos muitas vezes não tem os votos dos seus deputados. O governo tem uma negociação forte”, diz.

O PSL e DEM divulgaram nota de repúdio às falas de Bolsonaro contra instituições, porém não mencionaram o impeachment, embora alguns deputados da sigla sejam favoráveis.

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