Quinta-feira, 28 de março de 2024

Vida profissional ativa após os 60 anos é cada vez mais comum no Brasil

Pesquisa atualizada do Pnad mostra que de 2012 até 2018 porcentagem cresceu 1,3%, representando algo em torno de 7,5 milhões de idosos brasileiros no mercado

Postado em: 03-10-2021 às 08h58
Por: Maria Paula Borges
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Pesquisa atualizada do Pnad mostra que de 2012 até 2018 porcentagem cresceu 1,3%, representando algo em torno de 7,5 milhões de idosos brasileiros no mercado | Foto: Reprodução

Milhares de brasileiros que atravessam a fronteira dos 60 anos de idade buscam imergir no mercado de trabalho para manter a vida profissional ativa. Segundo dados mais atualizados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de os idosos serem uma parcela ainda pequena da população ativa no mercado, os números vêm aumentando. Conforme os dados, em 2012 a porcentagem era de 5,9%, subindo em 2018 para 7,2%, representando algo em torno de 7,5 milhões de idosos na força de trabalho do Brasil.

A psicóloga e professora, Jocely Burda, avalia que as empresas estão se atentando às diversas gerações para aumentar a produtividade. “Empresas mais atentas estão se dando conta que a diversidade de gerações dentro em uma companhia é algo saudável e gera maior produtividade. Nossos idosos hoje são das gerações baby boomer e X. São pessoas, que no geral, têm mais disciplinas, são regradas e se sentem úteis ao passar seus conhecimentos e experiências. Se este entendimento for captado pelas corporações, certamente a empresa terá bons resultados, destinando parte de suas vagas para profissionais da terceira idade”

De acordo com ela, ainda vivemos em uma sociedade preconceituosa quando se diz respeito à terceira idade. Isso se deve à crença limitante de pensar que pessoas nesta faixa etária são mais lentas, menos ligadas à tecnologia ou por não fazerem muitas atividades ao mesmo tempo, desconsiderando a valiosa experiência de vida que os idosos possuem. “Cabe as empresas quebrarem essa barreira e extrair o que há de melhor dentro das gerações.  Se dispostas, precisam entender como melhor acolher essas pessoas bem como preparar o ambiente para que o mesmo possa ser acessível as pessoas da terceira idade”, lembra ela.

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O Estatuto do Idoso trata dos direitos dos idosos, incluindo aos relativos a trabalho e renda. A professora afirma que é preciso respeitas as regras previstas no estatuto para além do respeito, mas para preparar o próprio caminho.

Segundo a médica e coordenadora de pós-graduação em Geriatria da Estácio, Dra. Menila Barbosa, ter uma vida profissional ativa é muito importante para a saúde. Entretanto, o idoso deve ter consciência que o pique e ritmo não são mais nos patamares que estava acostumado aos 30 ou 40 anos. “Para que a profissão esteja alinhada à qualidade de vida nesta altura do campeonato é preciso uma rotina desacelerada, visando utilizar o máximo de sua experiência para a resolução das demandas. Nada de jornadas longas, exaustivas e sem folgas”, diz a geriatra.

Apesar de o trabalho ser importante, Menila ressalta que o idoso deve se atentar para a realização de refeições saudáveis, exercícios físicos de rotina, lazer com a família e amigos, além de um tempo para si. “O Idoso que está na ativa, por necessidade ou por opção, deve buscar fugir dessa correria, senão o efeito pode ser contrário e menos benéfico devido a uma demanda exaustiva. Exames de rotina e consultas ao médico não podem sair da agenda por eventuais desculpas de uma agenda apertada devido ao trabalho”, explica.

Um ótimo exemplo de vida ativa na terceira idade é Osmar Amarante, 67 anos, que teve como destino a conclusão do ensino superior. A vontade alimentada por ele foi arrefecida no passado devido ao nascimento dos filhos e obrigações profissionais, tornando-se uma realidade quando iniciou o curso de Gestão Ambiental na Estácio.

“Movido por meus sonhos e buscando mudar a minha realidade, ingressei na universidade logo que tive oportunidade. Eu nasci no Rio de Janeiro, em uma favela hoje extinta chamada “Ilha das Dragas” e, nesse ambiente de grande desigualdade social, vivi durante muitos anos. Hoje a realidade nas comunidades ainda é muito dura e, na minha época, enfrentei milhares delas para “conquistar o asfalto”. O que sempre me impulsionou foram meus sonhos, característica essa que ensinei aos meus filhos. Eu, Osmar, não acredito em destino. Creio que nós somos capazes de mudar o rumo de nossas vidas, batalhando e sem desistir”, explica o funcionário público.

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