CPI da Covid-19: ‘Cuidado paliativo era para eliminar paciente’, disse ‘sobrevivente’ da Prevent Senior

"Em pouco dias eu estaria vindo a óbito. E hoje estou aqui", relatou.

Postado em: 07-10-2021 às 15h48
Por: Alice Orth
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"Em pouco dias eu estaria vindo a óbito. E hoje estou aqui", relatou. | Foto: Reprodução/Agência Senado

O advogado Tadeu Frederico de Andrade, de 65 anos, que foi paciente da operadora de saúde Prevent Senior, depôs nesta quinta-feira (07/10) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Segundo ele, os tratamentos palativos eram aplicados com o objetivo de “eliminar” o alto custo dos enfermos.

Andrade foi infectado com o coronavírus no final do ano passado, e foi internado durante 120 dias em uma unidade da Prevent, em São Paulo. Ele ficou cerca de 30 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi intubado duas vezes.

“Minha família lutou contra essa poderosa corporação chamada Prevent Senior. Eles lutaram para que eu não viesse a óbito. Eles, minha família, não aceitaram a imposição dos chamados cuidados paliativos, que era a prática utilizada pela Prevent Senior para eliminar pacientes de alto custo”, afirmou.

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“Em pouco dias eu estaria vindo a óbito. E hoje estou aqui”, declarou ele. Um senador interveio: “Teria sido assassinato”. “Sim, senador”, respondeu o ex-paciente. “Minha família, desconfiada da estrutura da Prevent Senior, contratou um médico particular para fazer a fiscalização dos procedimentos internos. Minha família não confiava mais na Prevent Senior. Esse médico foi um verdadeiro fiscal. Acho que estou vivo também por causa dele”.

Ele relatou que uma de suas filhas chegou a ser comunicada que ele passaria ter os cuidados paliativos – sem medicação, sem aparelhos e sem reanimação quando moresse. “Ou seja, eu sairia da UTI, iria para um chamado leito híbrido e lá teria, segundo as palavras da Dra. Daniella, maior dignidade e conforto, e meu óbito ocorreria em poucos dias. Seria ministrada em mim uma bomba de morfina e todos os meus equipamentos de sobrevivência na UTI seriam desligados. Inclusive, se eu tivesse alguma parada cardíaca, teria recomendação pra não haver reanimação”, contou.

Sobre o “kit covid”, ele disse ter recebido de um motoboy após uma teleconsulta. “Fiz diversas hemodiálises, traqueostomia, tive arritmia cardíaca e diversas outras intercorrências. No entanto, hoje estou aqui vivo e com saúde.  Acho que sou um sobrevivente, graças a Deus, graças a vários profissionais da saúde que estão na linha de frente, que são profissionais heroicos, e, principalmente, graças à minha família”, concluiu.

Em nota, a empresa respondeu: “Já tornado público via imprensa, o prontuário do paciente é taxativo: uma médica sugeriu, dada a piora do paciente, a adoção de cuidados paliativos. Conversou com uma de suas filhas por volta de meio-dia do dia 30 de janeiro. No entanto, ele não foi iniciado, por discordância da família, diferentemente do que o sr. Tadeu afirmou à CPI. Frise-se: a médica fez uma sugestão, não determinação. O paciente recebeu e continua recebendo todo o suporte necessário para superar a doença e sequelas”.

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