Ministro do STF diz que pessoas a quem João de Deus fez mal têm direito à justiça, mas que não cabe a ele julgar

"A mim, já me bastam os casos que tenho que julgar por dever de ofício", afirma Luís Roberto Barroso, que teve contato com João de Deus e diz ter ficado devastado com as denúncias de assédio sexual

Postado em: 07-10-2021 às 17h28
Por: Giovana Andrade
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"A mim, já me bastam os casos que tenho que julgar por dever de ofício", afirma Luís Roberto Barroso, que teve contato com João de Deus e diz ter ficado devastado com as denúncias de assédio sexual. | Foto: Reprodução

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, após receber diagnóstico de câncer, em 2012, conheceu João de Deus e esteve com ele em Abadiânia, em Goiás, diversas vezes. Por esse motivo, o magistrado concedeu entrevista à jornalista Cristina Fibe para o livro “João de Deus — O Abuso da Fé”, que será lançado no dia 14 de outubro.

Procurado pela Folha de São Paulo, Barroso enviou a seguinte nota à coluna de Mônica Bergamo: “Foi em Brasília que, em agosto de 2012, vivi as angústias de um diagnóstico de adenocarcinoma no esôfago, grau 3. A confirmação foi feita pelo doutor Paulo Hoff, em São Paulo, um médico totalmente diferenciado, que à época trabalhava no Hospital Sírio-Libanês. O prognóstico era muito ruim: um ano de vida, talvez um pouco menos. Recebi a notícia com serenidade. Tinha dado meu tempo”.

“Ainda assim, fiz todos os tratamentos possíveis: quimioterapia, homeopatia, fitoterapia e acupuntura. Também fiz terapia com um bom psiquiatra. Além disso, recebi em minha casa a visita do João de Deus, trazido por meu querido amigo Carlos Ayres, à época presidente do STF. Apenas lembrando, eu era advogado, e não ministro”, segue a nota.

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“Depois disso, estive com João diversas vezes em Abadiânia e sempre quis muito bem a ele. Fiquei devastado com o que aconteceu depois”, afirma o magistrado em referência às denúncias de assédio sexual contra João de Deus.

“Acho, sinceramente, que as pessoas a quem ele fez bem devem ser agradecidas. Foram muitas, eu vi. E, naturalmente, as pessoas a quem ele possa ter feito mal, essas têm o direito à justiça. A mim, já me bastam os casos que tenho que julgar por dever de ofício”, finaliza Barroso.

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