Corpo de segunda criança yanomami que foi ‘sugada e cuspida’ por draga é encontrado

Duas crianças brincavam no rio Uraricuera quando o caso aconteceu

Postado em: 15-10-2021 às 15h33
Por: Maria Paula Borges
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Duas crianças brincavam no rio Uraricuera quando o caso aconteceu | Foto: Reprodução

O Corpo de Bombeiros Militar de Roraima localizou a segunda criança da tribo Yanomami, na tarde da última quinta-feira (14/10), vítima de afogamento na região do Parima, município de Alto Alegre. A primeira criança foi localizada na quarta-feira (13/10), antes da chegada da equipe da corporação no local. O caso aconteceu na terça-feira (12/10) e foi divulgado em carta pela Hutukara Associação Yanomami, que recebeu a informação de comunidades indígenas do local.

Após terem sido levadas pela correnteza no leite do rio que banha a comunidade Makuxi Yano, na Terra Indígena Yanomami em Roraima, foram confirmadas as mortes das duas crianças da tribo.  Segundo relatos, as crianças de 5 e 7 anos brincavam no rio Uraricuera, que banha a comunidade, próximo ao funcionamento de um garimpo legal.

Segundo depoimentos, as crianças brincavam na parte rasa do rio, próximas a uma balsa do garimpo, e foram “sugadas e cuspidas” pela ação de uma draga, equipamento que suga a terra e utilizado na extração de minérios. Logo depois, elas foram arrastadas pela correnteza.

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A Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Corpo de Bombeiros local foram acionados pelo Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana para irem ao local em busca dos corpos. Além disso, foi enviado um ofício ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami solicitando voo urgente para o local do acidente.

O corpo de uma das vítimas, um menino de 5 anos, foi encontrado pela comunidade no final da manhã da última quarta-feira. Em nota, a corporação informou que enviou, na tarde de quarta, uma equipe de quatro bombeiros militares para realizar as buscas pelas duas crianças indígenas vítimas de afogamento.

Segundo a Funai, em nota, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’Kwana, acompanha o caso juntamente com os órgãos de saúde e segurança pública. A fundação informou ainda que está à disposição para colaborar como trabalho das autoridades.

A extração ilegal e predatória de minérios em áreas protegidas cresceu nos últimos anos impulsionada pela recente devido a recente alta no preço, além das promessas de legalização de garimpos pelo presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido) e a fiscalização ineficiente. Conforme entidades indígenas, a estimativas que cerca de 20 mil garimpeiros ilegais atuem na terra Yanomami.

A atuação de garimpos contamina os rios de mercúrio, e propaga doenças como Covid-19 e Malária.

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