Entenda os principais fatores que contribuem para a alta do preço da gasolina no Brasil

A alta tem sido impulsionada principalmente pelo real desvalorizado e incerteza política

Postado em: 25-10-2021 às 17h33
Por: Maria Paula Borges
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A alta tem sido impulsionada principalmente pelo real desvalorizado e incerteza política | Foto: Reprodução

A Petrobras anunciou que outro reajuste de preços de gasolina e diesel vai acontecer. O anunciou foi feito nesta segunda-feira (25/10) e passa a vigorar nas distribuidoras a partir desta terça-feira (26/10), e o aumento será de 7,04% para a gasolina e de 9,15% para o diesel. No ano, o diesel já acumula alta de 65,3% e a gasolina 73,4%. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mostra a valorização para o consumidor, as altas em 12 meses foram de 33,05% e 39,6%, respectivamente.

Para entender a alta é preciso saber como os preços são definidos. A formação do preço dos combustíveis é composta pelo preço exercido pela Petrobras nas refinarias, tributos federais Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, unificado com o Programa Integração Social (PIS/Pasep), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), e imposto estadual, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além do custo de distribuição e revenda. Além disso, há o custo do etanol anidro na gasolina, e o diesel tem a incidência do biodiesel.

O principal fator que motiva o alto preço tem sido a desvalorização da moeda brasileira. O valor do petróleo é atrelado ao dólar que, até a última sexta-feira (22/10), acumulava alta de 8,5% sobre o real este ano.

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Segundo Walter de Vitto, analista da consultoria Tendências, o principal responsável de fato é o câmbio. “Eu destacaria que o principal culpado para a alta do preço do combustível é o câmbio, de longe. O petróleo já esteve num valor acima do atual, e o combustível não custava o que custa hoje”.

A incerteza política, dos investidores em relação do rumo da política econômica do governo Bolsonaro, também é um forte contribuinte. As falas golpistas do presidente do 7 de setembro elevaram a incerteza na economia e bagunçaram os indicadores.

O furo do teto de gastos para financiamento do Auxílio Brasil, principalmente depois que Paulo Guedes, ministro da Economia, admitiu o furo. Crises políticas como essa diminuem a probabilidade da aprovação de políticas públicas no Congresso. “A questão fiscal precisa ser atacada, agora tem a questão política. Esses fatores geram essa incerteza, e o câmbio reflete tudo isso. A demanda por real diminui, a demanda por dólar aumenta, e a moeda brasileira se desvaloriza”, diz Vitto.

Há ainda o fator adicional de pressão, o valor do combustível é influenciado pela recuperação também é influenciado pela recuperação da cotação do petróleo no mercado internacional. Após o choque pela pandemia, a economia global deve ter um crescimento neste ano, aumentando a busca pela commodity e ajuda na alta de preços. “Com essa alta do preço (do petróleo) no mercado internacional, o preço do combustível fica mais alto logo na partida”, diz a professora e coordenadora da graduação em economia no Insper, Juliana Inhasz.

A política de preços da Petrobras foi alterada no governo Michel Temer para seguir a paridade com o mercado internacional. Os preços de venda dos combustíveis praticados pela estatal passaram a seguir o valor do petróleo e variação cambial. Portanto, uma cotação mais elevada da commodity e/ou uma desvalorização da moeda podem contribuir para a alta de preços no país.

No final de setembro, a Petrobras informou que o aumento de preços é responsabilidade do governo, já que é responsável apenas por R$ 2 na composição do preço.

Uma das principais acusações sobre a alta está relacionada ao ICMS, que de fato tem grande peso sobre o valor da bomba. A alíquota varia entre os estados e, em agosto, Bolsonaro afirmou que a alta dos combustíveis se devia à “ganância dos governadores”.

No entanto, as alíquotas são as mesmas cobradas antes da crise. Se analisado maio do ano passado, quando a gasolina custava em média R$ 4, quanto em setembro, que custava R$ 6.

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