Revista aponta que esquema de rachadinha no gabinete de Alcolumbre rendeu R$ 2 milhões

Segundo informações, pessoas de confiança do ex-presidente do Senado recolhiam parte do salário de seis assessoras

Postado em: 29-10-2021 às 16h26
Por: Maria Paula Borges
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Segundo informações, pessoas de confiança do ex-presidente do Senado recolhiam parte do salário de seis assessoras | Foto: Reprodução

Informações da revista Veja apontam que o gabinete do senador e ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre, recebeu R$ 2 milhões em um esquema de “rachadinha” na Casa. A reportagem apresenta ainda que pessoas de confiança do senador recolhiam parte do salário de seis assessoras que, na época, recebiam entre R$ 4 mil e R$ 14 milhões e as funcionárias entregavam benefícios e verbas rescisórias que elas teriam direito a Alcolumbre.

O esquema aconteceu entre janeiro de 2016 e março de 2021 e Alcolumbre foi presidente do Senado de fevereiro de 2019 a dezembro de 2020. Atualmente ele lidera a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma das comissões mais importantes do Senado.

De acordo com a revista, as assessoras tiveram que abrir uma conta bancária e entregaram o cartão com senha para pessoas de confiança do senador, com a finalidade de repassar a maior parte do salário a Alcolumbre. Em troca, as funcionárias recebiam uma pequena gratificação, que algumas vezes não correspondiam nem a 10% do salário.

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Aceitaram fazer parte do esquema seis mulheres que afirmaram que passavam por dificuldades financeiras na época e estavam desempregadas. As mulheres são Marina Ramos Brito dos Santos, Lilian Alves Pereira Braga, Erica Almeida Castro, Larissa Alves Braga, Jessyca Priscylla de Vasconcelos Pires e Adriana Souza de Almeida, e eram moradoras de regiões periféricas do Distrito Federal, sem ensino superior completo e sem experiência em trabalhar no Legislativo.

Em entrevista à Veja, Marina afirmou que estava desempregada e que recebeu uma única orientação para receber o salário. “O senador me disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’. Estava desempregada. Meu salário era mais de R$ 14 mil, mas topei receber apenas R$ 1.350. A única orientação era para que eu não dissesse para ninguém que tinha sido contratada no Senado”.

Conforme informações, nenhuma das mulheres trabalha mais com Alcolumbre e, após serem exoneradas sem aviso prévio enquanto estavam grávidas, Marina e as irmãs Larissa e Lilian, entraram com processo na justiça contra o senador. Segundo a Veja, na ação foram anexados documentos que comprovam que tinham vínculo com o gabinete parlamentar e, entre os papéis, tinham extratos bancários comprovando que alguém zerava as contas das funcionárias quando era feito o pagamento. Além disso, os saques eram feitos em um caixa eletrônico localizado há 200 metros do gabinete do senador.

Em resposta a Veja, Alcolumbre afirmou que se concentrava em atividades legislativas e que questões administrativas, como por exemplo contratação de funcionários, eram responsabilidade de Paulo Bouden, chefe de gabinete da época. Bouden foi exonerado em 2020 e o ex-presidente do Senado disse não se lembrar das mulheres citadas na matéria.

A Rachadinha já é denunciada no gabinete de outros parlamentares. Inclusive, dois filhos de Jair Bolsonaro (sem partido) são investigados pela prática, sendo eles o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro. Atualmente, o ex-presidente do Senado tem rivalizado com Bolsonaro ao barrar a sabatina do ex-advogado-geral da União, André Mendonça, na CCJ.

Mendonça é o indicado de Bolsonaro para assumir a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), mas aguarda desde julho de 2021 para a votação da Comissão.

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