Em 35 anos, áreas ocupadas por favelas no Brasil cresceram 51%

Entre 1985 e 2021, a extensão de moradias precárias em áreas informais avançou 95 mil hectares.

Postado em: 04-11-2021 às 11h56
Por: Ícaro Gonçalves
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Entre 1985 e 2021, a extensão de moradias precárias em áreas informais avançou 95 mil hectares | Foto: Reprodução/ Agência Brasil

Um levantamento inédito sobre áreas urbanizadas feito a partir de imagens de satélite captadas entre 1985 e 2020 mostra que a área total de favelas no Brasil aumentou 51%. No período, a extensão de moradias informais avançou 95 mil hectares, o que equivale a três vezes a área de Salvador, na Bahia, ou 11 vezes à área de Lisboa, em Portugal.

Os dados foram levantados pela plataforma MapBiomas, envolvendo também universidades, organizações não governamentais e empresas de tecnologia. As regiões Norte e Nordeste foram as mais afetadas pelo crescimento da “favelização”. Nos estados dessas regiões, os espaços urbanos informais passaram a existir onde não eram encontrados, com crescimento territorial em alguns estados de até 93%, como é o caso de Rondônia.

A situação de capitais da região Norte, próximas à Floresta Amazônica, também é preocupante. Belém (PA) tem 51% de sua área urbanizada ocupada por favelas, enquanto em Manaus (AM) esse percentual é de 48%.

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“De maneira geral, houve um processo de urbanização precária em uma área muito grande. Grande parte desse processo de favelização ocorreu nas regiões Norte e Nordeste. São ocupações em áreas de risco, nas quais a população fica sujeita às alterações climáticas. São dados preocupantes”, afirma um dos coordenadores do mapeamento de áreas urbanizadas da MapBiomas, Júlio Cesar Pedrassoli.

As residências instaladas nessas áreas têm padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos essenciais (água, esgoto e coleta de lixo regulares, por exemplo) e risco de deslizamentos, enchentes ou alagamentos.

“A combinação desses dois dados deve acender uma luz amarela para os gestores públicos, porque eles criam as condições perfeitas para desastres urbanos”, explica Júlio Cesar Pedrassoli.

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