Mesmo com debates sobre representatividade, bonecas negras somam apenas 6% dos modelos fabricados

Isso é considerado um problema, pois é justamente na infância que as crianças começam a descobrir, entender o seu espaço e a se reconhecer como parte da sociedade.

Postado em: 28-11-2021 às 09h38
Por: Victoria Lacerda
Imagem Ilustrando a Notícia: Mesmo com debates sobre representatividade, bonecas negras somam apenas 6% dos modelos fabricados
Isso é considerado um problema, pois é justamente na infância que as crianças começam a descobrir, entender o seu espaço e a se reconhecer como parte da sociedade. | Foto: Reprodução/Internet

De acordo com o levantamento Cadê Nossa Boneca, da organização Avante Educação e Mobilização Social, realizado em agosto de 2020, apenas 6% do total de modelos de bonecas fabricados no Brasil são negras. A falta de representatividade nos brinquedos comercializados em território nacional é grande, pois significa que a cada 100 modelos de bonecas produzidas pela indústria brasileira de brinquedos, apenas 6 representam pessoas negras. 

O levantamento foi feito em agosto de 2020, em sites de comércio virtual de 14 dos 22 fabricantes de brinquedos associados à Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Isso é considerado um problema, pois é justamente na infância que as crianças começam a descobrir, entender o seu espaço e a se reconhecer como parte da sociedade. Discutir isso no texto às vezes parece até bobagem, mas não é, a brincadeira pode não ser tão inocente quanto se pensa quando a representatividade não contempla a todos.

O movimento Cadê Nossa Boneca foi criado a partir de um sonho de Ana Marcílio, Mylene Alves e Raquel Rocha, que sempre viram vitrines sem representatividade suficiente. A intenção do movimento é trazer mais diversidade aos brinquedos que de fato representassem uma sociedade brasileira, pois a falta dessa construção representativa na infância reflete também na vida adulta e no mercado de trabalho, ainda muito carente de ações de inclusão afirmativa.

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Consciência Negra 

No dia 20 de novembro, comemoramos o dia Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, onde foi instituído oficialmente pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data faz referência à morte de Zumbi, o famoso líder do Quilombo dos Palmares. Vale lembrar que o até então líder foi morto em 1695, na referida data, por bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho. 

De acordo com o Brasil Escola, a data de sua morte, descoberta por historiadores no início da década de 1970, motivou membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, em um congresso realizado em São Paulo, no ano de 1978, a elegerem a figura de Zumbi como um símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, bem como da luta por direitos que os afro-brasileiros reivindicam. A escolha do tão importante dia, aconteceu diante do contexto de declínio da Ditadura Militar e da redemocratização do país. 

O Dia da Consciência Negra é uma data de extrema importância para o calendário nacional, pois além de ser uma data significativa traz à tona questões importantes como o racismo estruturado dentro da nossa sociedade, desigualdade social e muitas vezes uma falta de representatividade. 

O abismo social que separa negros e brancos desde o nascimento no Brasil foi exposto em números pelo IBGE. Segundo o estudo Desigualdades Sociais por Cor e Raça no Brasil, divulgado em 2019, pretos ou pardos somavam 64,2% da população desocupada e 66,1% da população subutilizada; tinham rendimento médio pouco superior à metade do que recebem os brancos; e quase 2,7 vezes mais chances de serem vítimas de homicídio intencional do que uma pessoa branca. 

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