Quinta-feira, 28 de março de 2024

Pesquisa sobre contaminação de mercúrio entre yanomamis é vetada pela Funai

Cerca de 20 mil garimpeiros ilegais trabalham na região.

Postado em: 23-11-2021 às 18h58
Por: Alice Orth
Imagem Ilustrando a Notícia: Pesquisa sobre contaminação de mercúrio entre yanomamis é vetada pela Funai
Cerca de 20 mil garimpeiros ilegais trabalham na região. | Foto: Reprodução

A Fundação Nacional do Índio (Funai) proibiu pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de realizar um estudo sobre o impacto da mineração ilegal dentro de terra indígena yanomami. A análise sobre contaminação de mercúrio estava sendo feita por meio da coleta de amostras de cabelo dos indígenas e de peixes na região do rio Mucajaí, em Roraima.

“De março do ano para cá, tem mais de um ano e meio. Nesse meio do caminho, a Funai, além de não impedir garimpeiros, madeireiros e todos os outros tipos de invasões no território, não tomou nenhuma providência. Em paralelo, as coberturas vacinais foram crescendo dentro da terra indígena, e todos os nossos pesquisadores já receberam ao menos duas doses”, contou o médico e coordenador do projeto Paulo Cesar Basta ao jornal Folha de S. Paulo.

Segundo a Funai, o veto seria em cumprimento da portaria 419, de 17 de março de 2020, que suspende novas autorizações de entrada nas terras indígenas, apesar de especificar “a exceção das necessárias à continuidade da prestação de serviços essenciais às comunidades”.

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Com casos de desnutrição infantil e malária, além da presença ilegal de cerca de 20 mil garimpeiros, a população yanomami sofre uma crise de saúde. “São muitos os garimpeiros que trabalham em nosso rio Mucajaí e afluentes, causando desastre ambiental e social. Nós achamos que o nosso povo está sendo envenenado com o mercúrio utilizado pelos garimpeiros”, disse a associação Texoli, em carta encaminhada para a Fiocruz em outubro.

Em outra pesquisa realizada na região do Médio Tapajós, foi descoberto que os níveis de mercúrio em 60% dos indígenas estava acima do limite máximo de segurança, e que 16% das crianças mundurukus apresentavam problemas de neurodesenvolvimento.

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