Obesidade: pessoas relatam as dificuldades para ter acesso à cirurgia bariátrica pelo SUS

Atualmente, no Brasil, existem cerca de 96 milhões de pessoas que estão acima do peso

Postado em: 05-12-2021 às 14h00
Por: Augusto Sobrinho
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Atualmente, no Brasil, existem cerca de 96 milhões de pessoas que estão acima do peso | Foto: reprodução

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmam que seis em cada dez brasileiros apresentam excesso de peso. São cerca de 96 milhões de pessoas que estão acima do peso no país. Isto é, o resultado de seu Índice de Massa Corporal (IMC) indica que elas estão na faixa de sobrepeso ou de obesidade. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que pelo menos 1 bilhão de pessoas no mundo apresente excesso de peso, das quais 300 milhões são obesos. Por si só, a obesidade é uma condição que carrega um risco maior de diminuição da expectativa de vida. Ela pode ser relacionadas às chamadas comorbidades, doenças que são predispostas ou agravadas pela obesidade, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, artroses, acidentes vasculares cerebral (AVCs), dentre outras.

Além do preconceito, essas pessoas se deparam com a dificuldade de conseguir acesso à cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Pensando nessa realidade, a Campanha Balão Solidário se apresenta como uma mediar para os selecionados conseguirem através do Balão Intragástrico um que possibilitará a perda de peso e diminuição do risco cirúrgico. Os pacientes que são submetidos à cirurgia bariátrica devem estar idealmente com Índice de Massa Corporal menor do que 50, ou seja, não devem estar em quadro de superobesidade o que é considerado arriscado e com grande dificuldade de técnica, como explica o médico gastroenterologista Joffre Rezende Neto, idealizador da campanha.

O técnico de enfermagem Paulo Henrique Oliveira Moreira, 30 anos, de Inhumas (GO), começou a ganhar peso quando tinha por volta de 22 anos. Hoje, pesa 182 quilos, e possui 1,81m de altura. Com a obesidade, foram surgindo outras doenças como hipertensão arterial, diabetes, hipotireoidismo, além de dificuldades motoras e de esforço físico. “Até o ato de sentar e levantar da cama exige um esforço”, pontua. Recentemente, foi internado no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL) para fazer cateterismo. “Senti uma dor no peito e o cardiologista disse que era decorrente da obesidade”, afirma. Para ele, o projeto significa o recomeço uma oportunidade de ver seus filhos pequenos crescerem e se tornarem uma pessoa de bem. “É uma oportunidade de sobrevivência. Espero melhorar minha qualidade de vida e trabalhar com o que eu amo”, sonha.

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Aos 43 anos, Marcelo de Freitas Oliveira toma quatro medicamentos para pressão alta. Depressivo, diz estar com mais de 200 quilos, porém, “não sei exatamente, já que nenhuma balança consegue me pesar”, lamenta. No começo do ano, iniciou em seu Instagram uma Vakinha para arrecadar dinheiro para pagar pela cirurgia bariátrica no serviço privado, já que pelo SUS ele está na fila de espera há muito tempo e não vê perspectiva de conquistar, no futuro próximo, este direito. “O Balão Solidário foi para mim um presente do céu. A esperança é a sobrevida com este balão. Sei que irá me ajudar. Tenho duas filhas lindas para criar. Quero mudar de vida e mostrar para todos que vou conseguir emagrecer”, promete.

Karla Maria de Jesus, 30 anos, é dona de casa e mora em São Luis dos Montes Belos. Começou a ganhar peso quando tinha 13 anos de idade e hoje está com 165 quilos. Ela diz sofrer muito preconceito. “Já fui muito humilhada. Para andar de ônibus, algo do dia a dia, não tem lugar adequado para o obeso sentar. E às vezes quando eu sento, as pessoas se levantam”, conta. Ela sofre crises de ansiedade e insônia. Também enfrenta problemas como pressão alta e gordura no fígado. “Estou muito feliz por ter ganhado esta oportunidade pelo Balão Solidário. Terei a oportunidade de melhorar a mobilidade”, comemora.

 “O tratamento com o Balão Intragástrico será realizado como ponte para atingir melhores condições para a cirurgia bariátrica. Além do implante do Balão, os pacientes que foram selecionados receberão acompanhamento de equipe multidisciplinar”, acrescenta. Joffre Rezende Neto conta que foi inspirado pelos próprios pacientes do consultório para começar a campanha do Balão Solidário, que tem como parceiros o CRD – Medicina Diagnóstica que doará todos os exames necessários, o Scitech Med, Medlinn Hospitalar e Top Med Brasil. “Acompanho, em meu dia a dia, casos de obesos que foram humilhados em entrevistas de emprego, nos transportes coletivos, e outras atividades que parecem simples. Esses testemunhos me impulsionaram a agir”, salienta o especialista.

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