Departamento de medicina da UFRN é alvo de críticas por ofertar curso sobre o ‘Reino de Deus’
O curso de extensão teve início em julho deste ano, com carga horária de 30 horas e 220 vagas.
Por: Ícaro Gonçalves
Um curso de extensão chamado de “A Construção do Reino de Deus” está sendo oferecido para alunos e demais interessados pelo Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O caso gerou discussão nas redes sociais por supostamente fazer proselitismo de uma religião específica em uma instituição educacional de ensino científico.
O curso possui uma carga horária de 30 horas, com atividades sendo feitas em seminários desde junho deste ano. Na plataforma de gestão da UFRN, chamada Sigaa, é possível ver que o curso é auto-financiado, e oferece ao todo 220 vagas. Este foi o terceiro curso de extensão oferecido que aborda o tema “reino de Deus” desde 2019.
Em nota divulgada ao portal UOL, a UFRN alegou que o curso atenderia ao “pluralismo de ideias” previsto pela Constituição Federal. Veja a resposta completa:
“1. A Constituição Federal, no seu artigo 206, estabelece que o ensino será ministrado com base nos princípios da ‘liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”, além do “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas’.
2. O evento foi aprovado pelo Departamento de Medicina Clínica (DMC) do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e está inserido no contexto da disciplina optativa ‘Medicina, Saúde e Espiritualidade'”.
A extensão universitária é uma das funções sociais da universidade, e o objetivo é realizar projetos, eventos e cursos, por exemplo, que levem o conhecimento da academia às pessoas. Como qualquer atividade acadêmica, os cursos de extensão valem como carga horária para os participantes.
Ementa baseada no ‘reino de Deus’
Segundo a ementa do curso, sua criação partiu da ideia de “disciplina opcional, ‘Medicina, Saúde e Espiritualidade (MSE)’, oferecida pelo Departamento de Medicina Clínica (DMC), do Centro de Ciências da Saúde (CCS), de aprofundar o conhecimento da proposta da construção do Reino de Deus, para verificar sua aplicabilidade no meio social, com a contribuição de várias fontes de saber que sintonizam com a proposta”.
O curso foi criticado pela ONG Transparência Brasil, por possivelmente fazer a propagação de valores de uma religião específica, o que iria contra a laicidade do Estado. “Não haveria problema em estudar os pontos de vista histórico ou clínico (das religiões), com avaliação dos efeitos de uma crença, ou qual eram os ensinamentos. Mas não se pode utilizar uma universidade pública para defender e propagar os valores de uma religião específica, qualquer que seja ela”, afirmou Manoel Galdino, coordenador da ONG.
