Estudo aponta que 80% dos negros são vitimas de mortes violentas no País

Um levantamento mostrou que, entre 2012 e 2019, a taxa de mortalidade por homicídio de jovens negros foi 6,5 vezes maior que a taxa nacional.

Postado em: 16-12-2021 às 10h45
Por: Alexandre Paes
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Um levantamento mostrou que, entre 2012 e 2019, a taxa de mortalidade por homicídio de jovens negros foi 6,5 vezes maior que a taxa nacional. | Foto: Carlos Pereira

Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) aponta que, das quase 35 mil mortes de jovens entre 2016 e 2020 no Brasil, 80% eram de negros. Confirmando essas estatísticas, um levantamento do Instituto Sou da Paz mostrou que, entre 2012 e 2019, a taxa de mortalidade por homicídio de jovens negros foi 6,5 vezes maior que a taxa nacional.

Apesar do racismo não ser um tema novo, ele ganha outra dimensão quando se tem relatos de situações rotineiras, como andar na rua, que passam despercebidas para quem não tem a cor da pele como um alvo.

O estudante Pedro Henrique Cortez Mota contou um dos momentos em que sofreu racismo “Eu estava com o uniforme da escola e tudo, e tinha uma senhora na minha frente. Conforme eu ia andando, ela acelerava o passo. Aí eu corria para ficar na frente dela, para ela não ficar com medo e ver que eu não estava fazendo nada”, relatou.

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A mãe de Pedro, Egnalda Cortês, diz que há preocupação até na hora de escolher onde passar o Carnaval. “Eles alugaram um casarão para fazer o carnaval deles, porque não se sentem seguros de fazer nas regiões nobres. Há o risco de sumir algo de alguém e indicarem eles”, disse à CNN.

Violência policial

Segundo levantamento da Rede Observatórios de Segurança, a cada quatro horas um negro é morto pela polícia no Brasil. Das mais de 2.600 mortes em ações policiais em 2020, 82,7% das pessoas eram negras.

O Rio de Janeiro lidera as estatísticas: só na capital, 90% dos mortos eram negros. No mês passado, o produtor cultural Júlio de Sá denunciou uma ação da PM, no Rio, após ser abordado na porta de uma loja de roupas. Ele procurou a polícia e o caso está sendo investigado como racismo.

“Fico imaginando o que poderia ter acontecido se fosse 11 horas da noite no centro do Rio, o que o policial poderia ter feito. Tenho medo dessa forma abusiva que transita entre a vida e a morte”, afirmou Júlio de Sá.

A psicóloga Deborah Medeiros explica que pessoas negras, que estão mais vulneráveis, muitas vezes não veem a polícia como órgão de proteção. “Ela precisa ter códigos para provar rapidamente que ela não é uma ameaça, para garantir sua própria vida”, disse.

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