Após diretores sofrerem ameaças de morte, Anvisa rebate Bolsonaro dizendo repudiar a ação

Presidente afirmou que pretendia divulgar nomes dos técnicos responsáveis por aprovar vacinação de menores de 18 anos

Postado em: 17-12-2021 às 15h57
Por: Maria Paula Borges
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Presidente afirmou que pretendia divulgar nomes dos técnicos responsáveis por aprovar vacinação de menores de 18 anos | Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) havia prometido expor os responsáveis por aprovar vacinação de crianças no Brasil. Em resposta, nesta sexta-feira (17/12), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que repudia qualquer ameaça. No texto, a Anvisa fez referência direta ao presidente e disse que o ambiente de trabalho do órgão regulador é “isento de pressões internas e avesso a pressões externas”.

Bolsonaro afirmou na última quinta-feira (16/12) que pretendia divulgar o nome dos técnicos “para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e obviamente forme seu juízo”. Ainda na quinta-feira, a Anvisa aprovou o uso da Pfizer em crianças a partir de cinco anos, medida já adotada por diversos países desenvolvidos.

Em nota, a agência afirmou estar sempre pronta para atender demandas por informações, mas que repudia ameaças. “A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada, que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”, disse.

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Em outubro, cinco diretores da Anvisa foram ameaçados, via e-mail, de morte em caso de aprovação da vacina para crianças. Inclusive, no texto, a agência citou as ameaças e o presidente do órgão, Antonio Barra Torres, disse que a Polícia Federal ainda não respondeu ao pedido de garantir proteção dos dirigentes e técnicos mais expostos.

“Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta agência nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento”, afirma a nota.

Mesmo após liberação da Anvisa, a imunização de crianças não vai acontecer imediatamente. Segundo o Ministério da Saúde, mais debates serão necessários para decidir sobre a vacinação do grupo.

De acordo com a Folha de São Paulo, especialistas ouvidos afirmaram que a vacinação de crianças é segura e representa um importante instrumento contra a pandemia. Na maioria dos casos, crianças não desenvolvem casos graves da doença, mas eles podem ser vetor de transmissão do vírus. Então, especialistas consideram necessário que ao menos 80% da população total seja vacinada para barrar o vírus.

Em defesa da Anvisa, 16 das principais associações da indústria farmacêutica divulgaram nota nesta sexta-feira, sem citar Bolsonaro, mas que deixa clara a resposta às ameaças feitas pelo presidente. “O conhecimento e a seriedade dos técnicos da Anvisa são inquestionáveis, haja vista sua atuação irreparável diante do cenário caótico vivido nesse tempo de pandemia. São inadmissíveis as ameaças que os servidores da Anvisa vêm sofrendo devido às aprovações de vacinas contra a Covid-19”, afirmam.

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