Pressionando por reajuste salarial, servidores federais anunciam paralisação e possível greve

Categorias querem negociar com governo, mas ameaçam entregar cargos de chefia caso a negociação não avance

Postado em: 29-12-2021 às 17h06
Por: Giovana Andrade
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Categorias querem negociar com governo, mas ameaçam entregar cargos de chefia caso a negociação não avance. | Foto: Reprodução

Diversas categorias do serviço público federal, em reunião nesta quarta-feira (29/12), decidiram que, para pressionar o governo federal a conceder reajuste salarial generalizado, poderão ocorrer paralisações de um ou dois dias em janeiro e até mesmo uma greve geral, sem prazo para terminar, a partir de fevereiro. As informações são da Folha de S. Paulo.

O movimento foi deflagrado após o lobby de policiais federais surtir efeito e as corporações garantirem recursos para aumentos salariais em 2022, com apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi realizada nesta quarta uma reunião do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), entidade que reúne 37 associações e sindicatos de carreiras de estado. Ao todo, são cerca de 200 mil servidores públicos associados.

A pressão do funcionalismo por aumento salarial preocupa a equipe econômica. Em mensagens encaminhadas a ministros e membros do governo, o ministro Paulo Guedes (Economia) pediu apoio contra o reajuste amplo aos servidores, que, segundo ele, pode quebrar o país. Nos cálculos do governo, cada aumento de 1% linear a todos os servidores tem um impacto de R$ 3 bilhões.

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A estratégia traçada por integrantes do Fonacate é tentar uma negociação por reajuste nas duas primeiras semanas de janeiro. Nesse período, para elevar a pressão, cargos de chefia deverão ser entregues por servidores, o que já deve prejudicar a prestação de serviços públicos.

Caso não haja avanço nas negociações, o Fórum prevê uma paralisação de um dia no dia 18 de janeiro. Se mesmo assim o governo não ceder, a paralisação deverá ser de dois dias entre 25 e 26 de janeiro. Essas etapas são necessárias para que se possa aprovar uma greve geral a partir de fevereiro, segundo o presidente do Fonacate, Rudinei Marques.

“Somos obrigados a cumprir uma série de formalidades antes da deflagração da greve”, explicou Marques. Para a paralisação e para a greve são necessárias aprovações em assembleias de sindicatos. Em nota, o Fórum ressaltou que a maioria dos servidores públicos federais está com o salário defasado em 27,2%, pois não há reajuste desde 2017.

Enquanto Bolsonaro acena com aumentos a 45 mil policiais, um pedido do próprio presidente, cerca de 1 milhão de servidores federais estão sem reajuste há cinco anos. Caso a negociação da elite do funcionalismo não resulte em aumento salarial generalizado, algumas categorias já estudam acionar a Justiça para conseguir um reajuste semelhante ao que deve ser concedido a policiais.

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