Pesquisa indica que 63% das abordagens policiais no Rio de Janeiro têm como alvo pessoas negras

Foram ouvidos 3.500 moradores do Rio de Janeiro, com mais de 16 anos

Postado em: 15-02-2022 às 12h36
Por: Iara Godoi
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Foram ouvidos 3.500 moradores do Rio de Janeiro, com mais de 16 anos | Foto: Agência Brasil

Dados da pesquisa realizada pelo DataFolha apontam que a maioria das casas revistadas no Rio de Janeiro pertenciam a pessoas negras. Segundo a pesquisa, 63% das abordagens policiais, conhecidas como “enquadros”, têm como alvo pessoas negras. Foram ouvidos 3.500 moradores do Rio de Janeiro, com mais de 16 anos, entre os dias 4,5 e 6 de maio de 2021, e 739 responderam às perguntas do questionário.

O levantamento aponta que 17% dos entrevistados já foram enquadrados mais de 10 vezes por policiais. O perfil dos “super parados” são homens, negros de até 40 anos, moradores de favela ou de bairros periféricos.

“A Polícia tem o imaginário do elemento suspeito: aquele com bigodinho fininho e cabelinho ‘na régua’ que retrata a cultura negra favelada. A gente consegue ver que a partir dessa construção do elemento suspeito, a gente está criminalizando todos através da estética. Criminalizando um território “, comenta o pesquisador da Cesec Pedro Paulo Silva, em entrevista para o Uol.

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A primeira edição da pesquisa sobre os alvos abordados pela polícia foi realizada no ano de 2003, e mesmo com quase 20 anos de pesquisa, os dados revelados não são animadores. A cientista social Silvia Ramos, responsável pela pesquisa elaborada em 2003, afirma em entrevista para o Uol, que a polícia é mais racista atualmente.

“A produção da imagem da guerra às drogas se intensificou, e a figura do jovem negro de favela hoje é ainda mais identificada como suspeito do que há 20 anos. A gente deu passos para trás e regrediu em termos de injustiça e igualdade. A polícia hoje é mais racista do que há 20 anos”, aponta Silvia Ramos.

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