Conhecido por discurso de ódio contra gays e judeus, pastor é preso pela Polícia Militar

Tupirani responderá pelos crimes de racismo, ameaça e incitação e apologia ao crime

Postado em: 24-02-2022 às 16h00
Por: Maria Paula Borges
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Tupirani responderá pelos crimes de racismo, ameaça e incitação e apologia ao crime | Foto: reprodução/TV Globo

O pastor Tupirani da Hora Lores, conhecido por discurso contra judeus, praticantes de outras religiões e gays, foi preso pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (24/2), no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o pastor produziu e publicou diversos vídeos com ataques diretos a judeus e membros de outras religiões.

Tupirani foi alvo da operação Rófesh que, em hebraico, significa liberdade, fazendo alusão às recentes discussões sobre limites da liberdade de expressão. O pastor responderá pelos crimes de racismo, ameaça e incitação, e apologia ao crime. Além disso, o celular dele foi apreendido e, quando foi preso, exibia uma camisa com a frase “Não sou vacinado”.

No início de agosto de 2021, durante pregação, Tupirani afirmou que “a igreja não levanta placa de filho da puta negro e veado”. O discurso foi uma resposta ao pedido de desculpas da pregadora Karla Cordeiro, da Igreja Sara Nossa Terra, que havia dito para os fiéis pararem de “ficar postando coisa de gente preta, de gay”, em julho do ano passado.

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O vídeo de Karla, também conhecida como Kakau, foi divulgado e, após a repercussão e da abertura de um inquérito policial, a pregadora publicou uma nota de retratação. A atitude de Kakau irritou Tupirani, líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo.

Na resposta, Tupirani ofendeu Karla e os fiéis que frequentam a igreja. “Sabe o que você é, Karla Cordeiro? Você é uma puta, uma prostituta, seu pastor deve ser um veado e a sua igreja toda é uma igreja de prostitutas. Vocês não são evangélicos. Malditos sejam vocês, que a garganta de vocês apodreça por terem ousado tocar no nome de Jesus, raça de putas e piranhas, é isso que vocês são”, afirmou o pastor.

Além disso, Tupirani afirmou que a igreja só levanta a sua própria placa. “A igreja de Jesus Cristo não levanta placa de filho da puta negro nenhum, não levanta placa de filho da puta de político, não levanta placa de filho da puta de veado. A igreja de Jesus Cristo só levanta a sua própria placa, porra”, disse aos gritos.

Entretanto, esta não é a primeira vez que o pastor é preso. Em 2009, Tupirani foi preso por intolerância religiosa, sendo o primeiro condenado do país por esse tipo de crime e, em 2012, ele e alguns discípulos foram presos também por intolerância religiosa, além de comportamentos homofóbicos, xenófobos e racistas.

O pastou foi ainda alvo da operação Shalom, em março do ano passado, em que uma busca e apreensão autorizada pela Justiça buscou provas que o religioso, em um dos cultos, pediu por um “massacre de judeus”, afirmando que “deveriam ser envergonhados como foram na 2ª Guerra Mundial”.

Na ocasião, Tupirani desafiou agentes em vídeo dizendo: “manda o delegado vir aqui pedir a minha retratação. Ele não é homem para isso, eu sou vencedor do sistema, ninguém me detém”.

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