Devido a poluição, toneladas de peixes mortos são encontrados na Praia da Barra, no Rio de Janeiro

Biólogo Mario Moscatelli pontua que desastre não é questão de falta de dinheiro, mas de vontade política de atacar as causas da degradação

Postado em: 24-03-2022 às 17h02
Por: Maria Paula Borges
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Biólogo Mario Moscatelli pontua que desastre não é questão de falta de dinheiro, mas de vontade política de atacar as causas da degradação | Foto: reprodução

As águas da Barra da Tijuca foram tomadas por toneladas de peixes mortos devido ao pouco oxigênio disponível nas lagoas, por conta do acúmulo de esgoto e lixo, nesta quinta-feira (24/3). Segundo o biólogo Mario Moscatelli, o “fundo pútrido” das lagoas de Jacarepaguá está tomado pelos sedimentos.

Após morrerem, os peixes estão sendo levados para as praias dos Amores e da Barra, junto do Quebra-Mar. A quantidade de peixes é apenas um retrato do histórico de poluição que toma conta das lagoas.

Segundo Moscatelli, o desastre não é questão de falta de dinheiro e sim, de vontade política de atacar causas da degradação, citando o crescimento urbano desordenado e falta de saneamento universalizado. “Nós transformamos bacias hidrográficas em valas de esgoto e lagoas em latrinas. Nós tivemos promessas de melhorias ambientais para os Jogos Pan-Americanos, que não aconteceram, depois vieram os Jogos Olímpicos, com mais promessas, e praticamente nenhuma aconteceu”, afirma.

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O biólogo acompanhou pessoalmente o trabalho de retirada dos peixes mortos e explica que, quando acontece uma ressaca, as águas do mar remexem o fundo das lagoas, eliminando metano e gás sulfídrico, além de consumir o pouco oxigênio existente.

Os peixes mortos nas lagoas da Barra da Tijuca percorrem o Canal da Joatinga, chegando assim à praia. A estimativa do biólogo é que 6 toneladas de tainhas, robalos, carapicus e sardinhas tenham sido removidas da praia nesta quinta-feira. Já a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) calcula ter coletado uma tonelada e meia de peixes mortos só na praia da Barra.

De acordo com Moscatelli, a preocupação atual é a respeito das espécies que sobreviveram, como caranguejos. Além disso, o biólogo afirma que cabe a quem assumir a responsabilidade de fazer o saneamento da região resgatar o imenso passivo ambiental. “Não vai ser resgatado de uma hora para a outra, pois o monstro que foi criado durante décadas por impunidade e missão é gigantesco. O meio ambiente neste país aqui está para ser consumido até a sua exaustão. Fico na dúvida do que vamos deixar para os nossos filhos e para as próximas gerações”.

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