Com baixa cobertura vacinal, sarampo volta a preocupar autoridades de saúde no Brasil

Pediatras temem os riscos da baixa cobertura vacinal e apontam a percepção errada de que o sarampo não representa mais perigo, sendo que está é uma doença que pode levar até a morte

Postado em: 14-04-2022 às 15h45
Por: Alexandre Paes
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Pediatras temem os riscos da baixa cobertura vacinal e apontam a percepção errada de que o sarampo não representa mais perigo, sendo que está é uma doença que pode levar até a morte | Foto: Reprodução

Com 25 casos suspeitos de sarampo sob investigação somente no estado de São Paulo, o sarampo volta a alertar as autoridades de saúde de todo Brasil, que chegou a receber o certificado de erradicação da doença em 2016. Desde que o sarampo voltou aos registros oficiais, em 2019, já são mais de 40 mil pacientes e 40 mortes causadas pela queda na cobertura vacinal, em que metade das vítimas foram crianças abaixo de 5 anos.

Manuela, de seis meses, tomou uma das doses da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. É só chegar no posto de saúde e tomar, mas no ano passado a cobertura em todo o país da primeira dose da tríplice viral ficou em 71% e a da segunda dose foi de 50%, bem abaixo do esperado que é de 95% do público infantil.

O Ministério da Saúde disse que monitora atentamente a cobertura e vem intensificando as ações epidemiológicas e de multivacinação. A partir do dia 3 de maio, o governo começa uma campanha nacional para imunizar crianças de seis meses a menores de cinco anos.

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Riscos da doença

A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, destaca que o sarampo é altamente transmissível, podendo causar sérias complicações e evoluir para morte. A transmissão pode ocorrer por dispersão de gotículas com partículas virais no ar, principalmente em ambientes fechados, como creches, escolas, clínicas e meios de transporte, como ônibus, navios e aviões. 

“A campanha de vacinação contra o sarampo é uma estratégia que tem como objetivo resgatar menores de 5 anos ainda não vacinados e corrigir falhas primárias da vacinação, reduzindo grandes grupos de suscetíveis”, destaca Flúvia.

O vírus pode ser transmitido seis dias antes e quatro dias após o aparecimento do exantema (manchas vermelhas na pele). Os sintomas clássicos são febre alta, exantema maculopapular generalizado, tosse, coriza, conjuntivite e manchas brancas que aparecem na mucosa oral, antecedendo o  exantema.

Baixa procura vacinal

O sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil na década de 80 e foi a vacina que ajudou a reverter esse quadro. O Brasil se tornou um país livre desse mal em 2016, mas três anos depois, foram confirmados mais de 20 mil casos da doença e o país perdeu o certificado de eliminação do vírus do sarampo.

Somente este ano, até 26 de março, o Ministério da Saúde registrou 98 casos suspeitos de sarampo no Brasil e 13 confirmados, sendo 12 no Amapá e um em São Paulo: de um bebê, que contraiu a doença em São Paulo mesmo, e não por transmissão em outra região. São Paulo também investiga outros 25 casos. A representante da Secretaria de Saúde do estado ressalta a importância da vacina.

“Tem a ver com aquilo que a gente chama do efeito rebanho. Quanto mais pessoas estiverem vacinadas, se eu não tiver uma vacinada, eu consigo segurar e conter a transmissão. Então é muito importante que a gente tenha altas coberturas vacinais principalmente para o sarampo, caxumba e rubéola”, diz Regiane de Paula, coordenadora em saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças.

Pediatras temem os riscos da baixa cobertura vacinal e apontam como motivos as mensagens falsas, as chamadas fake news, e a percepção errada de que o sarampo não representa mais perigo. Ao contrário, essa é uma doença que pode levar até a morte.

“Nós já tivemos nos anos passados muitos casos de sarampo. É uma doença que não poupa indivíduos sem vacina, indivíduos suscetíveis. Ao acumularmos muitas crianças sem vacinas, é um campo fértil para disseminação do vírus novamente”, afirma o infectologosta pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

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