MPF investiga danos a povos indígenas causados por contaminação de mercúrio

O Ministério Público Federal (MPF) enviou ofícios pedindo respostas a órgãos e entidades para que possam contribuir com a investigação da possível contaminação de rios e peixes por mercúrio no estado do Acre. O inquérito investiga os danos e consequências causados às comunidades indígenas e a natureza pela quantidade do metal pesado mercúrio nas águas.

Segundo o procurador da República, Lucas Costa Almeida Dias, um estudo elaborador por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e de outras entidades informou que a ingestão de mercúrio em peixes no Acre estaria 31,5 vezes acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que coloca em risco, sobretudo, as vidas dos povos indígenas na região.

Segundo o governo do Acre, há 12 etnias indígenas vivendo em todo o território, além das populações de recente contato e isoladas. De acordo com o MPF, todas as comunidades indígenas da região tem como consumo principal, o peixe.

O consumo de peixes e a contaminação desses animais por mercúrio pode causar diversas doenças nas comunidades tradicionais, como doenças neurológicas, além de outras doenças que tem sintomas gastrointestinais, renais, e até a morte. Algumas das comunidades que estão no território do Acre são os Katukina, Sayanawa, Jaminawa, Manchineri, Ashaninka, Shawãdawa, Jaminawa-Arara, Apolima-Arara, Huni Kuin e Kulina.

O MPF deu um prazo de 15 dias para órgãos e entidades responderem as perguntas sobre a investigação. O documento foi enviado para a Secretaria de Estado da Saúde do Acre (Sesacre), a Polícia Federal no Acre (PF-AC); a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) – Coordenações Regionais Juruá e Alto Purus, Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Juruá e Alto Rio Purus, o WWF (Fundo Mundial para a Natureza) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).