Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Desmatamento na Mata Atlântica tem queda de 42% nos primeiros meses de 2023

Dados do MapBiomas apontam redução significativa na destruição do bioma, com estados como Minas Gerais, Paraná e Bahia liderando a queda

Postado em: 30-07-2023 às 20h16
Por: Tathyane Melo
Imagem Ilustrando a Notícia: Desmatamento na Mata Atlântica tem queda de 42% nos primeiros meses de 2023
Dados do MapBiomas apontam que o desmatamento na Mata Atlântica teve queda de 42% nos primeiros meses de 2023 | Foto: Divulgação / Paulo Baptista

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e diversificados do Brasil, apresentou uma queda no desmatamento durante os primeiros cinco meses de 2023, de acordo com dados do MapBiomas. Nesse período, a área desmatada registrou uma redução de 42% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A Mata Atlântica é um bioma brasileiro que ocupa cerca de 15% do território nacional e estende-se por 17 estados. Além de abrigar uma vasta diversidade de espécies de fauna e flora, esse bioma fornece serviços ecossistêmicos vitais para a sociedade, como a regulação hídrica, a proteção contra desastres naturais, a produção de alimentos, a polinização e a manutenção da qualidade do ar e da água.

Além disso, a Mata Atlântica tem um papel relevante na preservação da cultura e do modo de vida de diversas comunidades tradicionais e indígenas que habitam a região. De acordo com informações do SOS Mata Atlântica, apenas 24% da cobertura vegetal original desse bioma ainda se mantém preservada.

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O diretor-executivo  da SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, afirma que é necessário investir em ações de recuperação ambiental.

“A Mata Atlântica é o bioma onde vive a maior parte da população brasileira, e a gente depende dela para ter água na nossa torneira, para ter energia elétrica, para produção de alimentos, para evitar tragédias. E, por isso, é o bioma que a gente precisa alcançar o desmatamento zero primeiro, beneficiando toda a população do nosso país”, diz.

Os estados que apresentaram maior redução no desmatamento da Mata Atlântica nos primeiros cinco meses de 2023 foram Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Bahia. Por outro lado, alguns estados registraram aumento no desmatamento nesse período, como Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe e Alagoas.

O estudo sobre a Mata Atlântica foi realizado por meio de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas, e revelou dados relevantes sobre o desmatamento ocorrido entre janeiro e maio deste ano. De acordo com o estudo, a área desmatada no referido período foi de 7.088 hectares, em comparação com os 12.166 hectares registrados no mesmo período do ano anterior.

Para melhor compreender a dimensão desses números, foi feita uma analogia, onde cada hectare de área desmatada equivale a um campo de futebol. Dessa forma, uma área equivalente a 5 mil campos de futebol foi preservada no bioma da Mata Atlântica durante os primeiros meses de 2023.

O papel do governo federal tem sido considerado fundamental para promover a proteção ambiental e garantir a preservação dos territórios e direitos dos povos indígenas que habitam áreas da Mata Atlântica.

O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, informou que as fiscalizações nas áreas florestais estão sendo ampliadas.

“O que nós estamos fazendo é uma ampliação significativa da fiscalização. Aumentamos em 53% as autuações no bioma Mata Atlântica. Aumentamos as multas em 165%. Nós estamos estabelecendo com clareza e comunicando para a sociedade que haverá fiscalização e que haverá a devida punição para o caso dos desmatamentos ilegais”, diz Capobianco.

Em relação à política ambiental do governo atual, o diretor da SOS Mata Atlântica destacou a importância da postura adotada pelo governo como um possível fator de influência nos resultados.

“Por quatro anos [o país] teve um governo que praticamente incentivou o desmatamento, que afrouxou a fiscalização, que afrouxou a legislação ambiental, e a gente passou a ter um novo governo em Brasília que tem uma postura, um discurso de que o desmatamento tem que ser acabado, que desmatamento ilegal não será tolerado, que haverá punição”, explica o diretor.

A SOS Mata Atlântica também promoveu uma reunião envolvendo representantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e 12 dos 17 estados que abrangem a Mata Atlântica. Nessa reunião, houve o comprometimento conjunto para combater o desmatamento e incentivar a restauração do bioma.

“Esse compromisso reflete a necessidade do envolvimento de diferentes setores para a superação dos desafios enfrentados pela Mata Atlântica. O desmatamento zero é o caminho a ser seguido, e o bioma é o que apresenta a maior capacidade de alcançar essa meta em um curto período de tempo. Entretanto, precisamos ir além, priorizando cada vez mais a restauração florestal”, finaliza Guedes Pinto.

A Mata Atlântica ganhou destaque no cenário internacional, sendo reconhecida como um dos dez ecossistemas-bandeira na Década da Restauração de Ecossistemas, período estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) de 2021 a 2030. A Conferência da ONU sobre Diversidade Biológica (COP 15), realizada no final do ano passado, reforçou a importância desse bioma e seu papel na preservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.

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