Com placar de 5 a 2, ministros do STF podem formar maioria contra marco temporal nesta quinta (21)

A sessão de quarta (20) foi suspensa após o voto do ministro Dias Toffoli, que considerou que a Constituição não estabeleceu marco temporal para reconhecimento do direito dos indígenas

Postado em: 21-09-2023 às 08h09
Por: Ícaro Gonçalves
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A sessão de quarta (20) foi suspensa após o voto do ministro Dias Toffoli, que considerou que a Constituição não estabeleceu marco temporal para reconhecimento do direito dos indígenas | Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) podem formar maioria nesta quinta-feira (21/9) contra a tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas. O placar atual está em 5 votos a 2, e a previsão é que a sessão seja retomada às 14h.

A sessão de quarta (20) foi suspensa após o voto do ministro Dias Toffoli. Para o ministro, a Constituição não estabeleceu marco temporal para reconhecimento do direito dos indígenas.

“A proteção constitucional aos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam independe da existência de um marco temporal em 5 de outubro de 1988”, afirmou. 

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Toffoli também estabeleceu parâmetros para garantir que ocupantes “boa-fé” de terras indígenas tenham direito à indenização. A proposta vale para casos em que houve a titulação indevida de terras indígenas pelo governo a particulares.

Até o momento, os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Cristiano Zanin e Dias Toffoli se manifestaram contra o marco temporal e entendem que a limitação é inconstitucional. Nunes Marques e André Mendonça se manifestaram a favor.

Faltam os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e da presidente, Rosa Weber.

No julgamento, os ministros discutem o chamado marco temporal. Pela tese, defendida por proprietários de terras, os indígenas somente teriam direito às áreas que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época. Os indígenas são contra o entendimento.

O marco temporal e o alcance da decisão do STF

A previsão para o julgamento é de que a maioria dos ministros devam se posicionar contra a tese. Mesmo assim, os ministros ainda devem decidir sobre o alcance da decisão.

Entre os votos proferidos, está a possibilidade de indenização de particulares que adquiriram terras de “boa-fé”. Pelo entendimento, a indenização por benfeitorias e pela terra nua valeria para proprietários que receberam do governo títulos de terras que deveriam ser consideradas como áreas indígenas.

Em outro ponto, o ministro Dias Toffoli abriu a possibilidade de exploração mineral e de lavouras dentro das terras indígenas, mediante aprovação de uma lei pelo Congresso e a autorização dos indígenas.

Os dois pontos são questionados pelas entidades que atuam em defesa dos indígenas. Para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a possibilidade de indenização pode inviabilizar as demarcações. A entidade também argumenta que a exploração econômica flexibiliza o usufruto exclusivo das terras pelos indígenas.

Para acompanhar o julgamento no STF, indígenas estão mobilizados em Brasília. Eles também se manifestam contra a tentativa do Senado de legalizar o marco temporal.

Com informações da Agência Brasil

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