Alunos ocupam prédios das USP em protesto por contratação de professores e melhores condições de estudos

Protestos tem como objetivo a contratação de professores e a ampliação do auxílio permanência | Foto: Reprodução

Postado em: 25-09-2023 às 11h19
Por: Rondineli Alves de Brito
Imagem Ilustrando a Notícia: Alunos ocupam prédios das USP em protesto por contratação de professores e melhores condições de estudos
Protestos tem como objetivo a contratação de professores e a ampliação do auxílio permanência | Foto: João Vitor Pereira

Os estudantes de diversos campos da Universidade de São Paulo (USP) estão em greve desde da última quinta-feira (21/9), eles reivindicam a contratação de professores e a ampliação do auxílio permanência.

Com a falta de docentes, muitos departamentos estão sendo prejudicados e alunos estão sendo obrigados a desistir ou trocar de curso pelo motivo de não ter aulas ou terem a formação adiada. Nos anos entre 2014 e 2022, a universidade perdeu mais de 900 professores, segundo dados do Anuário da USP.

Um dos departamentos mais prejudicados é o de Letras Orientais (DLO), que oferece graduação em sete idiomas diferentes, mas que não conta com docentes para todos os idiomas. Letícia de Souza que é aluna do DLO conta que se sente prejudicada e pensa em adiar seus sonhos. “A situação é bem frustrante, porque me distanciou de um plano que eu tinha criado, principalmente, de fazer intercâmbio para a Coreia durante a habilitação. Talvez tenha que escolher cursar outro idioma”,  contou a jovem estudante. 

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O diretor, Paulo Martins, da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), disse em pronunciamento no domingo (17/9), que nos últimos 8 anos, somente oito professores foram contratados pela faculdade. “Com a nova gestão reitoral houve a distribuição, dentro da universidade, de 879 Claros Docentes. Desses, 70 vieram para a FFLCH”, contou o diretor. Martins argumenta que a determinação das necessidades dos departamentos não é realizada pela administração, mas sim por uma comissão especializada responsável por avaliar a quantidade necessária de docentes.

No mês de agosto, Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, disse em entrevista ao Roda Viva que o trabalho atual é uma maneira de voltar aos números de 2014, tempo em que a universidade passou por uma crise e teve redução do corpo docente. “Voltar aos números de 2014 não é suficiente, porque os números daquele ano não eram satisfatórios. Em 2014, as habilitações do DLO não estavam disponíveis nos dois períodos e já era muito precarizado”, contou Carlos Gilberto.

O debate sobre a USP na Assembleia Legislativa de São Paulo

O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP), afirmou em entrevista exclusaiva para o  Le Monde Diplomatique Brasil, que realizou no primeiro semestre do ano, uma audiência pública com os estudantes da FFLCH na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). “Estamos acompanhando isso há um bom tempo, não só no curso de Letras, mas também em toda a FFLCH, na Pedagogia, na Matemática… Inclusive, a USP tem promovido Programas de Demissão Voluntária, para que os servidores saiam”, afirmou Calors.

O deputado também lembrou do grande orçamento aprovado para USP em 2023: “A universidade tem o maior orçamento de sua história em 2023, com R$8,4 bilhões. E, mesmo assim, não foram feitas as contratações ou ocorrem por modelos temporários e precarizados”, contou Giannazi. Carlos também disse que evará o caso para o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, para que seja investigada a contratação de professores via contratos temporários.

Posicionamento da USP

Segundo nota da universidade, foram iniciadas a contração de 879 professores no que para a instituição é “o maior esforço já empreendido” para contratação de docentes na instituição. Das vagas abertas, 238 foram ocupadas, segundo a informação da instituição. 

Na tarde da quinta-feira (21/9), o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda da USP se encontraram com dez representantes estudantis para discutir as demandas dos alunos. De acordo com a universidade, o diálogo ocorreu de maneira produtiva e pautada na boa fé. Como resultado, ficou acordada a realização de uma reunião de trabalho nesta semana, durante a qual a lista de reivindicações será organizada para buscar soluções.

A USP anunciou uma mudança na sua política de auxílio estudantil, aumentando os investimentos em 58% para um total de R$ 188 milhões destinados a alunos de graduação e pós-graduação com necessidades socioeconômicas. O valor do auxílio subiu de R$ 500 para R$ 800, e os residentes no Conjunto Residencial da USP (Crusp) agora recebem um auxílio adicional de R$ 300,00.”

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