Ronnie Lessa diz que matou Marielle por promessa de chefiar nova milícia no Rio

O ex-policial militar é um dos suspeitos de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes

Postado em: 27-05-2024 às 09h27
Por: Tathyane Melo
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O ex-policial militar é um dos suspeitos de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes | Foto: Reprodução

Em um vídeo da delação, o ex-policial militar Ronnie Lessa, um dos suspeitos de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, confessou o crime e apontou os supostos mandantes: os irmãos Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal.

Lessa, em depoimento de duas horas, descreveu um plano audacioso e a promessa de um negócio da vida: um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio de Janeiro, avaliado em milhões de reais, seria a recompensa pela eliminação de Marielle Franco. “Não é uma empreitada, para você chegar ali, matar uma pessoa, ganhar um dinheirinho… Não”, disse Lessa, “Eu fui chamado para uma sociedade”.

Lessa detalhou as supostas áreas para o loteamento, mas a Polícia Federal (PF) não encontrou provas concretas do planejamento. A defesa dos irmãos Brazão nega veementemente as acusações, chamando a delação de “desesperada criação mental” e “contradições, fragilidades e inverdades”.

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Ronie Lessa também acusou o delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Delegacia de Homicídios do Rio, de participação no esquema, alegando que ele teria recebido propina para proteger os mandantes e sabotar a investigação. 

“Falaram o tempo todo que o Rivaldo estava vendo, que o Rivaldo do já está redirecionando e virando o canhão para outro lado, que ele teria de qualquer forma que resolver isso, que já tinha recebido pra isso no ano passado, no ano anterior, ele foi bem claro com isso: ‘ele já recebeu desde o ano passado, ele vai ter que dar um jeito nisso’. Então ali, o clima já estava um pouco mais tenso, a ponto até mesmo na forma de falar”, relatou Lessa.

O advogado de Barbosa nega as acusações, chamando-as de “infâmias” e criticando a PF por se basear apenas nas palavras de um assassino.

Um dia antes do crime, Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio, nomeando Giniton Lajes para comandar a Delegacia de Homicídios. A PF aponta que essa escolha visava facilitar a sabotagem da investigação, enquanto a defesa de Lajes o considera o responsável pela descoberta da autoria do crime.

Ronie Lessa foi preso em março de 2019, mas a arma do crime nunca foi encontrada. Já o ex-PM Edimilson de Oliveira, o Macalé, outro executor, foi assassinado em novembro de 2021.

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