Filha de aposentado morto em enchente desabafa: ‘Pai achava que a água não iria subir’

"Morreu afogado próximo a casa dele. Ele saiu de casa tentando se salvar e morreu afogado", relembra a filha

Postado em: 03-06-2024 às 16h59
Por: Rauena Zerra
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"Morreu afogado próximo a casa dele. Ele saiu de casa tentando se salvar e morreu afogado", relembra a filha I Foto: Arquivo pessoal

Entre as 172 vítimas da tragédia em decorrência das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, está José Marison de Barros Costa, de 72 anos, que morava no bairro Cinco Colônias, em Canoas. A filha diz que sua morte foi resultado de uma decisão tardia de sair de casa. José estava aposentado após ser servente de obras por 45 anos. Ele veio de Camobi, Santa Maria.

Daniela Costi, filha de José, disse que descobriu a notícia depois de receber uma notificação no celular: o nome de seu pai estava na lista de mortos divulgada pela Defesa Civil Estadual.

Flávio, o outro filho de José, estava abrigado em Eldorado do Sul, onde trabalha. Eles viviam juntos. As inundações impediram que Flávio voltasse para casa.

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Apesar dos pedidos dos familiares, Daniela disse que o aposentado acreditava que “a água não iria subir” e optou por permanecer em sua casa na Rua Araçá.

A explicação é a seguinte: “Toda a família ligou pedindo para ele sair de casa, mas ele achava que não seria tanta água a ponto de se tornar a maior enchente da cidade de Canoas”.

Os familiares de José passaram as duas primeiras semanas de maio com muita incerteza e angústia. Daniela fez um boletim de ocorrência de desaparecimento para tentar encontrar seu pai.

Daniela disse que foi direto para o Instituto Geral de Perícias em Porto Alegre quando viu o nome do pai na lista de mortos. Lamenta: “Fizemos o reconhecimento do corpo e era ele”.

A filha afirmou que o caixão precisou  ser lacrado porque o corpo já estava em decomposição.

“Morreu afogado próximo a casa dele. Ele saiu de casa tentando se salvar e morreu afogado”, relembra.

Após ser abandonado pela esposa, Daniela diz que ele criou os filhos sozinho. A filha diz que José sempre se orgulhou de ter filhos que fossem trabalhadores como ele.

“O resgate demorou, foram muitos dias depois na casa de meu pai e relataram que ele não estava mais lá. Então ou ele estava em um abrigo ou estava morto”, compartilhou Daniela.

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