Organização criminosa roubou R$ 2,3 milhões de ex-jogador Paolo Guerrero, afirma delegado da PF
Investigação da Polícia Federal revela esquema de fraude no FGTS de atletas estrangeiros
Por: Vitória Bronzati
Uma operação da Polícia Federal desvendou um esquema criminoso que desviou R$ 2,3 milhões do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de Paolo Guerrero, ex-jogador de Corinthians, Flamengo e Internacional. A quadrilha, especializada em fraudes envolvendo o FGTS, focava em atletas estrangeiros que, após jogarem no Brasil, retornavam aos seus países de origem e esqueciam do benefício previdenciário.
O delegado Caio Porto Ferreira, da força-tarefa da Caixa Econômica Federal, explicou, em entrevista exclusiva à CNN, que a quadrilha monitorava contas com altos saldos, priorizando aquelas de jogadores estrangeiros. Os fraudadores obtinham documentos originais dos atletas e produziam falsificações para sacar os recursos. Três núcleos compunham o grupo criminoso: um responsável pela obtenção dos documentos, outro pelo contato com profissionais do futebol, e o terceiro pela interação com profissionais de bancos.
A investigação descobriu que os principais alvos mantinham laços com atletas em atividade e empresários do futebol, utilizando-se dessa proximidade para acessar os documentos e as contas do FGTS dos jogadores. Em resposta às denúncias, alguns criminosos tentaram devolver parcialmente os valores desviados.
Em nota, a Caixa Econômica Federal destacou que as informações sobre os casos estão sob sigilo, sendo compartilhadas apenas com autoridades policiais e de controle.
Guerrero percebeu o saque indevido de seu FGTS em junho de 2022, quando tentou realizar um saque em Porto Alegre. Após registrar a ocorrência junto à Polícia Federal, o ex-jogador foi informado por seu ex-motorista que os criminosos queriam devolver parte do valor. A equipe jurídica de Guerrero contatou advogados do Banco Santander, onde foi aberta uma conta em nome do jogador com documentos falsificados, por meio da qual os golpistas transferiram o valor desviado.
Após um procedimento administrativo contestando o saque indevido, a Caixa Econômica Federal restituiu o valor ao FGTS de Guerrero cerca de seis meses depois, após intensa insistência da equipe jurídica do jogador.