11 livros clássicos que todo amante da literatura nacional deve ter em casa

De Machado de Assis a Jorge Amado.

Postado em: 15-05-2024 às 15h14
Por: Eduarda Leão
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Livros clássicos brasileiro | Foto: Amazon

Estes livros agradam aos que não abrem mão de uma boa literatura clássica a até mesmo os mais “moderninhos”. Os autores brasileiros dão um show quando o assunto é emocionar, transformar e impactar através das palavras, como se fosse uma espécie de mágica.

“Palavras são, na minha humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de formar grandes sofrimentos e também de remediá-los”, disse Alvo Dumbledore, em “Harry Potter e as Relíquias da Morte”.

Confira a seguir, uma seleção imperdível de livros da literatura brasileira que são capazes de impressionar qualquer leitor.

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Vidas secas, de Graciliano Ramos

Graciliano Ramos nasceu em 1892, no interior de Alagoas, e cresceu na fazenda do pai antes de se mudar para a capital do estado e, posteriormente, para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar na imprensa. Em 1937, foi preso sob vagas acusações de defender ideologias comunistas. Ao deixar a prisão, procurou trabalho como jornalista em um jornal do Rio de Janeiro. O editor então lhe permitiu publicar um texto curto, e Graciliano escreveu um conto chamado “Baleia”, sobre o sofrimento e a morte da cachorrinha de uma família de retirantes sertanejos. O conto fez sucesso e o jornal encomendou outros no mesmo estilo. Graciliano produziu então um conto para cada membro da família: o pai, a mãe e os dois filhos. Nascia assim  Vidas secas , narrado em terceira pessoa, com treze capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos fora de ordem, como contos.

Lançado originalmente em 1938,  Vidas secas  retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. O pai, Fabiano, caminha pela paisagem árida da caatinga do Nordeste brasileiro com a sua mulher, Sinha Vitória, e os dois filhos, que não têm nome, sendo chamados apenas de “filho mais velho” e “filho mais novo”. São também acompanhados pela cachorrinha da família, Baleia, cujo nome é irônico, pois a falta de comida a fez muito magra.

Vidas secas  pertence à segunda fase modernista da literatura brasileira, conhecida como “regionalista” ou “romance de 30”. Denuncia fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. É o romance em que Graciliano alcança o máximo da expressão que vinha buscando em sua prosa: o que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro.

Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Com essas palavras, o narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas resume a sua vida. O tom assumido na obra, bem como as técnicas empregadas na composição romanesca, são alguns dos fatores que justificam o lugar de Machado de Assis entre os maiores escritores do século XIX.

Neste romance repleto de digressões filosóficas, o escritor se vale da posição privilegiada de Brás Cubas, que, como defunto autor, narra as suas desventuras e revela as contradições da sociedade brasileira do século XIX, por meio de uma análise aprofundada de seus personagens.

Macunaíma, de Mário de Andrade

Obra-prima do Modernismo brasileiro, Macunaíma foi escrito por Mário de Andrade em 1928 e ainda hoje é um livro fundamental para compreendermos nossa diversidade cultural. Nasceu a partir de uma vasta pesquisa linguística do autor e reflete, por meio da mistura de lendas, mitos e histórias populares, a busca de uma identidade nacional afastada pela colonização. “Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil”. dizia o criador do anti – herói nascido na selva amazônica e transformado em um dos personagens mais estudados de todos os tempos no país.

O cortiço, de Aluísio de Azevedo

Pobreza, corrupção, injustiça, traição são elementos integram O cortiço, principal obra do Naturalismo brasileiro. Nela, Aluísio Azevedo denuncia as mazelas sociais enfrentadas pelos moradores de um cortiço no Rio de Janeiro no século XIX. É um romance que convida a analisar por meio da observação crítica do cotidiano das personagens a animalização do ser humano, questão que se mostra, mais do que nunca, atual.

Os sertões, de Euclídes da Cunha

Os sertões é dividido em seções. A primeira parte, ”A terra”, são considerações técnicas e científicas a respeito do solo, do clima e do espaço geográfico do sertão baiano. A segunda parte, ”O homem”, traz características antropológicas a respeito do sertanejo, com todos os seus conflitos sociais, políticos e psicológicos.

A última parte, ”A luta” narra a Guerra de Canudos desde o início. A verossimilhança da obra é marcada pela rica apresentação de características do espaço, tempo, personagens, como Antônio Conselheiro, e contexto histórico pelo narrador-observador.

Iracema, de José de Alencar

A pitiguara Iracema, a ‘virgem dos lábios de mel’, encontra nas florestas da orla cearense o português Martim. Uma espécie de poema em prosa, o conturbado amor proibido mostra o conflito histórico entre tribos indígenas e europeus e revela, com lirismo e aventura, a contradição e o embate entre civilizações.

Dom Casmurro, de Machado de Assis

Em Dom Casmurro, o narrador Bento Santiago retoma a infância que passou na Rua de Matacavalos e conta a história do amor e das desventuras que viveu com Capitu, uma das personagens mais enigmáticas e intrigantes da literatura brasileira.

Nas páginas deste romance, encontra-se a versão de um homem perturbado pelo ciúme, que revela aos poucos sua psicologia complexa e enreda o leitor em sua narrativa ambígua acerca do acontecimento ou não do adultério da mulher com olhos de ressaca, uma das maiores polêmicas da literatura brasileira.

Grande sertão veredas, de João Guimarães Rosa

Publicado originalmente em 1956, Grande sertão: veredas , de João Guimarães Rosa, revolucionou o cânone brasileiro e segue despertando o interesse de renovadas gerações de leitores. Ao atribuir ao sertão mineiro sua dimensão universal, a obra é um mergulho profundo na alma humana, capaz de retratar o amor, o sofrimento, a força, a violência e a alegria.

Esta nova edição conta com novo estabelecimento de texto, cronologia ilustrada, indicações de leituras e célebres textos publicados sobre o romance, incluindo um breve recorte da correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e escritos de Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago. Dispostos cronologicamente, os ensaios procuram dar a ver, ao menos em parte, como se constituiu essa trama de leituras.

A capa do volume é reprodução da adaptação em bordado do avesso do Manto da apresentação, do artista Arthur Bispo do Rosário, com nomes dos personagens de Grande sertão: veredas . O projeto gráfico conta ainda com desenhos originais de Poty Lazzarotto, que ilustrou as primeiras edições do livro.

Senhora, de José de Alencar

Obra da fase urbana de José de Alencar, considerado o mestre do romantismo o brasileiro, Senhora revela as convenções da sociedade burguesa carioca do século XIX.

Pelos desencontros amorosos de Aurélia Camargo, Fernanda Seixas e Adelaide Amaral, o autor traça um painel da vida da corte e critica os costumes da época, como casamento por interesse e arrivismo social.

Os lusíadas, de Luís de Camões

Os Lusíadas é considerado o maior monumento poético da Língua Portuguesa. Escrito pelo português Luís Vaz de Camões, foi publicado pela primeira vez em 1572, período literário do classicismo. Para contar a história do povo português, Camões buscou na antiguidade clássica o formato adequado para a criação da sua epopeia.

Os Lusíadas também narra uma das mais significativas viagens da era dos descobrimentos, as grandes navegações, o império português no Oriente, os reis e heróis de Portugal. Em meio a narração dos fatos da história portuguesa, desenrola-se também uma história mitológica, relatando a intrigas dos deuses do Olimpo, que procuram ajudar ou atrapalhar o navegador. Toda essa contextualização história e poética, estabeleceu essa obra como um clássico literário.

O Primo Basílio, Eça de Queiroz

Eça de Queirós, neste livro, faz uma crítica severa à sociedade lisboeta do século XIX. O autor mostra a lenta deformação do caráter de Luísa, mulher de formação romântica entediada com o casamento, sob o efeito de leituras e músicas sentimentais.

Durante uma viagem do marido Jorge, Luísa envolve-se com seu sedutor primo Basílio. Porém, Juliana, a invejosa e vingativa criada, descobre o caso e arma um esquema de chantagem. Muitas emoções e reviravoltas num clássico do realismo português.

Capitães da Areia, Jorge Amado

Capitães da Areia , a história crua e comovente de meninos pobres que moram num trapiche abandonado em Salvador, é talvez o romance mais influente de Jorge Amado. Clássico absoluto dos livros sobre a infância abandonada, assombrou e encantou várias gerações de leitores e permanece hoje tão atual quanto na época em que foi escrito.

Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes.

Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais.

Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.

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