10 livros (atemporais) de Ariano Suassuna que você precisa ler

Relembre a escrita envolvente que é capaz de encantar qualquer leitor.

Postado em: 27-05-2024 às 14h05
Por: Eduarda Leão
Imagem Ilustrando a Notícia: 10 livros (atemporais) de Ariano Suassuna que você precisa ler
| Foto: Divulgação

Ariano Suassuna foi um escritor, dramaturgo e poeta que encantou o Brasil com as obras emocionantes e imortais na história da literatura nacional. Em 2024, irá fazer uma década que o país perdeu um dos maiores artistas da história brasileira, mas os livros deixados por serão por toda a vida, um legado atemporal.

Confira a seguir, 10 livros imperdíveis de Ariano Suassuna.

As conchambranças de Quaderna

Prepare-se para mergulhar em um espetáculo de trapaças, artimanhas e risadas!

Continua após a publicidade

As Conchambranças de Quaderna, a peça inédita de Ariano Suassuna escrita em 1987, marca o retorno triunfal do mestre do teatro após um hiato de mais de 25 anos.

Nessa jornada teatral única, Suassuna nos presenteia com um protagonista carismático, Dom Pedro Dinis Quaderna, cujo nome já é sinônimo de encrenca e diversão.

A expressão “conchambrança”, originária do sertão da Paraíba, serve de alicerce para esse enredo repleto de combinações duvidosas e alianças inusitadas.

Quaderna, o contador de histórias por excelência, nos leva por três imbróglios épicos, cada um funcionando como uma peça independente e surpreendente.

O personagem, mestre na arte do conchavo, revela suas memórias com uma habilidade cênica que somente Suassuna poderia criar.

Neste espetáculo, você se encontrará imerso no mundo dos acordos secretos, das tramoias e das reviravoltas, enquanto Quaderna usa suas artimanhas para resolver situações complicadas e tirar vantagem de todos e tudo ao seu redor.

Prepare-se para uma experiência teatral única, cheia de humor, ironia e sagacidade, que reflete a maestria de Ariano Suassuna na arte de entreter e provocar reflexões sobre a natureza humana. 

Seleta em prosa e verso

Seleta e prosa e verso (Editora José Olympio), de Ariano Suassuna, é uma coletânea de textos variados de um dos principais escritores brasileiros vivos. Coordenada por Paulo Rónai e com textos selecionados por Silviano Santiago, conta ainda com um depoimento do autor.

Em meio a teatro e escritos em prosa, o livro é também uma rara oportunidade de entrar em contato com a poesia de Suassuna. Entre os poemas contidos neste volume estão “Fazenda Acahuan (Lembranças de meu pai)”, “Infância” e “Lápide”.

Os contos escolhidos são “O casamento” e “O caso do coletor assassinado”. E as peças, por sua vez, são “O rico avarento”, “O homem da vaca e o poder da fortuna” e “O castigo da soberba” e “Torturas de um coração (Entremez para mamulengo)”.

O Sedutor do Sertão

Escrito entre 7 e 30 de março de 1966, “O Sedutor do Sertão ou O Grande Golpe da Mulher e da Malvada” surgiu de um convite recebido por Ariano Suassuna para levar uma história sua às telas de cinema. O filme, no entanto, acabou não se realizando por falta de verbas e o texto foi parar na gaveta de inéditos até 2020, quando foi publicado pela primeira vez.

A narrativa, escrita durante a criação do “Romance d’A Pedra do Reino” (1958-1970), não à toa apresenta vários pontos de contato com a obra-prima do autor, a começar pelo protagonista, o anti-herói cômico Malaquias Pavão, irmão bastardo de Pedro Dinis Quaderna.

A ideia para o mote do enredo é retirada de uma passagem de “Os Sertões”, de Euclydes da Cunha, a quem o livro é dedicado: um golpe para enriquecer contrabandeando cachaça. À diferença do clássico euclydiano, porém, o texto de Suassuna carrega nas tintas do humor, apresentando o riso como uma forma de escape de nossas recorrentes mazelas políticas.

Auto da Compadecida

Auto da Compadecida representa o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel.

É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna.

Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas.

Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.

Em 2000, inspirou o filme homônimo estrelado por Selton Melo e Matheus Nachtergaele e dirigido por Guel Arraes. Por muito tempo, a adaptação audiovisual foi a maior bilheteria do cinema brasileiro. 

A Pena e a Lei

Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta

O romance de Ariano Suassuna, publicado originalmente em 1971, narra a história de Dom Pedro Dinis Ferreira, o Quaderna, apresentando seu memorial de defesa perante o corregedor, uma vez que foi preso por subversão em Taperoá, interior da Paraíba.

O narrador-personagem conta a saga de sua família e se declara descendente de legítimos reis brasileiros, castanhos e “cabras” da Pedra do Reino do Sertão, sem relação com os “imperadores estrangeirados e falsificados da Casa de Bragança”. Fala ainda do seu envolvimento com as lutas e desavenças políticas, literárias e filosóficas no seu reino.

O Sedutor do Sertão

Em um cruzamento genial entre Euclydes da Cunha e o gênio cômico de Ariano Suassuna, nasce uma história épica de tirar o fôlego.

O Sedutor do Sertão é um mergulho na mente do mestre das palavras do sertão brasileiro, um texto que estava escondido por anos e agora vem à tona, trazendo consigo o humor afiado e a sagacidade de um dos maiores escritores do Brasil.

Prepare-se para conhecer Malaquias Pavão, o anti-herói mais cativante que você já encontrou, e embarque em uma jornada hilariante e inteligente pelos intrincados caminhos do contrabando de cachaça.

Uma história que ri na cara da adversidade e enche o leitor de gargalhadas enquanto faz uma sátira inteligente das complexidades políticas do nosso país. É um convite para o riso como forma de resistência. Pronto para uma aventura que vai do sertão profundo ao seu riso mais profundo?

O Desertor de Princesa

O Desertor de Princesa ocupa um lugar singular na obra de Ariano Suassuna.

Escrita com maestria, essa peça captura os horrores da guerra no contexto da Revolução de 1930 no Nordeste do Brasil, onde os jovens soldados pagam o preço mais alto por conflitos políticos distantes.

A obra, em sua versão original Cantam as Harpas de Sião, marca o início da carreira teatral de Suassuna, e sua reescrita, em 1958, reflete a evolução de suas ideias.

Com uma estrutura clássica de tragédia, o livro mantém o leitor preso desde a primeira linha, culminando em versos poéticos de impacto.

Mais do que uma mera narrativa histórica, essa peça é um grito atemporal contra a guerra, relevante mesmo décadas após sua criação, quando o mundo ainda se recuperava da Segunda Guerra Mundial.

O Desertor de Princesa é um alerta sobre os jovens soldados que, nas frentes de batalha, pagam o preço mais alto enquanto os líderes políticos tomam decisões distantes.

Uma leitura necessária que faz o leitor refletir sobre a crueldade da guerra e a coragem daqueles que se recusam a participar dela.

Iniciação à Estética

Escrito no tempo em que Ariano Suassuna lecionava Estética na Universidade Federal de Pernambuco, este livro é uma iniciação à disciplina, aqui entendida como uma Filosofia da Beleza e, consequentemente, da arte.

Aqui são apresentadas desde as opções iniciais da Estética e seus métodos mais frequentes de estudo até uma reflexão geral sobre o universo das artes, passando pelas principais teorias sobre a beleza surgidas ao longo do tempo, de Platão aos nossos dias.

Com uma linguagem bastante acessível e uma abordagem didática, esta é uma obra fundamental para todos aqueles que pretendem se iniciar no campo da Filosofia da Arte.

Marcados pelo desamparo e pelo desamor, os personagens da trama se abrigam no fanatismo religioso, elemento estruturante da peça. Trata-se de uma tragédia de viés moderno, na qual o sofrimento dos personagens não é resultado de imponderáveis armadilhas do destino ou inescapáveis desígnios dos deuses, como era comum nas tragédias gregas.

A dor e a morte resultam de uma intrincada sobreposição de fatores psicológicos e de fatores socioeconômicos.

Sem abdicar do caráter transcendental predominante nas tragédias, o autor não se furta de trazer à cena, ainda que em segundo plano, uma crítica incisiva às injustiças sociais, tão evidentes no sertão nordestino, mostrando como os poderosos agem para desarticular movimentações coletivas potencialmente ameaçadoras ao poder estabelecido.

Farsa da Boa Preguiça

Prepare-se para uma imersão no brilhante universo do genial Ariano Suassuna com a peça teatral Farsa da Boa Preguiça.

Escrita em versos, a Farsa da Boa Preguiça nos leva a uma jornada cheia de encantamento, onde personagens como o poeta Joaquim Simão ganham vida diante de seus olhos. Imagine se deparar com o poeta popular, um habilidoso contador de histórias, cantador de cordéis e defensor do ócio criativo.

Uma trama que se desenrola com maestria, revelando a luta entre a boa preguiça divina e a inércia demoníaca. Uma dualidade fascinante que nos faz refletir sobre a essência da vida e suas escolhas.

Mais do que uma simples peça, a Farsa da Boa Preguiça é a joia da coroa de Suassuna, a obra que encapsula toda a genialidade do autor.

Sua narrativa irônica e bem-humorada vai te prender e provocar risos irresistíveis, ao mesmo tempo em que desperta reflexões profundas sobre a natureza humana e suas contradições.

Prepare-se para se envolver, se emocionar e se encantar com uma peça que é muito mais do que um espetáculo: é uma verdadeira celebração do talento ímpar de Ariano Suassuna.

Veja Também