Pobreza menstrual: um problema que precisa ser discutido

Em todo o mundo, milhões de garotas menstruam sem contar com as condições mínimas de higiene

Postado em: 06-06-2021 às 12h00
Por: Victoria Lacerda
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Em todo o mundo, milhões de garotas menstruam sem contar com as condições mínimas de higiene | Foto: Divulgação

Falar sobre menstruação ainda é considerado tabu. Mas, o Dia Internacional da Higiene Menstrual, comemorado no último dia 28 de maio, é um sinal de que essa realidade está mudando. Ultimamente, a temática está sendo cada vez mais discutida, visando naturalizar o ciclo menstrual e a importância do acesso a produtos de higiene íntima.

Todos os dias, 800 milhões de mulheres e meninas menstruam. Desse número, 50 milhões não possuem instalações adequadas para lidar com o período menstrual, como banheiros com água encanada, de acordo com a ONG Plan International. A pobreza menstrual é, infelizmente, a realidade de milhões de garotas e mulheres ao redor do mundo. São moradoras de rua, de abrigos ou campos de refugiados que enfrentam, mês a mês, as dificuldades de menstruar sem contar com produtos adequados, água encanada e um banheiro com privacidade. Por causa disso, os dias de menstruação acabam sendo ainda mais desconfortáveis, e muitas mulheres e meninas precisam deixar sua rotina de lado, como trabalhar ou ir à escola, por falta de um suporte necessário.

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As mulheres, em média, gastam quase 9 mil reais em absorventes descartáveis ao longo da vida, o que resulta em, aproximadamente, 210 reais por ano. Diante desses números, podemos considerar como privilégio quem possui acesso a produtos de higiene íntima. O impacto da falta de itens básicos de higiene vai além do constrangimento e do desconforto. Diante desse cenário, muitas meninas e mulheres são obrigadas a usar soluções alternativas, como meias velhas, folhas de jornais e sacolas plásticas. A falta de dos artigos, saneamento básico e acesso a banheiro configuram a condição de pobreza menstrual. 

Em 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o direito das mulheres à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Porém, na prática, isso não é feito. A chamada pobreza menstrual, que denuncia a falta de acesso a produtos como absorventes e coletores menstruais, continua sendo rotina na vida de milhões de mulheres, não só no Brasil, mas no mundo inteiro.

A pobreza menstrual é um problema de saúde pública que afeta todos os países, inclusive os mais ricos, mas que está concentrada nas classes sociais mais pobres, que não têm condições de comprar itens de higiene como absorventes menstruais. O documentário Absorvendo o Tabu, que ganhou o Oscar de Oscar de Melhor Documentário de Curta-Metragem em 2019, mostra a realidade de indianas que, por exemplo, não sabiam nem que o produto existia nem que contribuía para a higiênica íntima feminina. 

Antes de querer que todas usem calcinhas menstruais e produtos de higiene que são menos nocivos para o meio ambiente, é preciso debater a pobreza menstrual e mudar a realidade de tantas mulheres pelo mundo, como no Brasil, que não têm acesso nem aos absorventes menstruais mais baratos do mercado.  

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