Por que o ativismo, sucesso e independência das mulheres incomodam tanto a sociedade?

Seja no mercado de trabalho ou cultura, a luta da mulher para conquistar espaço e ser respeitada ainda é difícil

Postado em: 19-12-2021 às 10h00
Por: Victoria Lacerda
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Seja no mercado de trabalho ou cultura, a luta da mulher para conquistar espaço e ser respeitada ainda é difícil | Foto: reprodução

Não temos dúvidas de que a pergunta do título já passou pela sua cabeça e você refletiu o motivo de mulheres independentes incomodarem tanto os outros. O ódio às mulheres é um fator que está na nossa sociedade há décadas, só nos últimos dias, temos exemplos de como homens e mulheres são julgados a partir de um filtro machista. Aos homens, perdão e merecimento. Às mulheres, ódio e questionamento. Você já notou como o sucesso feminino incomoda? Por que acha que isso acontece? 

Nessa semana, o podcast obvious debateu esse assunto com especialistas sobre o caso da cantora Marina Sena que teve sua conta do instagram derrubada, por apenas alcançar o sucesso. Marina fez um desabafo no Twitter. “Ser mulher na musica é foda. Cê começa a crescer e as pessoas já colocam o mérito das suas conquistas em algo que não é você. Que dia que a gente vai poder ficar em paz em comemorar o que a gente fez com MUITO esforço? Que dia as pessoas vão aprender a ver uma mulher crescendo?”, escreveu.

Vale ressaltar que na mesma semana em que DJ Ivis foi recebido com tietagem numa balada, a cantora Marina Sena, dona do hit “por supuesto”, foi perseguida e teve a sua conta no instagram derrubada por simplesmente ganhar um prêmio pelo seu trabalho. Devido a situação, ela está sendo odiada porque o prêmio, claro, deveria ser… de um homem. Isso deveria causar uma reflexão à sociedade. 

“Parem de atacar a Marina Sena ela é foda para caralh*”, escreveu Luísa no Twitter. “Horrível pensar que a internet se tornou esse lugar de ódio, principalmente contra mulheres que estão batalhando para realizar seus sonhos e sempre tem que se provar de forma que jamais aconteceria com um homem… não dá para normalizar”, declarou Duda Beat também em seu Twitter.

No mesmo prêmio que Marina participou, o fenômeno Juliette se apresentou e também recebeu uma chuva de críticas porque não merecia estar lá. 

Contexto histórico

Publicado originalmente em 1949, mas que se encaixa perfeitamente nos dias atuais, Simone Beauvoir debate sobre temas importantes em seu livro “O Segundo Sexo”, a obra tem dois volumes. No primeiro, Simone apresenta fatos e mitos sobre as mulheres, analisando múltiplas perspectivas, incluindo a biológica, a psicanalítica, a materialista, a histórica, a literária e a antropológica. A autora esclarece que nenhuma delas é suficiente para definir a mulher, mas cada uma delas contribui para dar uma definição da mulher como a “outridade”, “o outro” diante do masculino.

Já no segundo volume da obra começa com a famosa afirmação: “Não se nasce mulher, torna-se mulher“. A pensadora propõe uma série de demandas para conseguir a emancipação feminina e seu sucesso. A mais importante é que se permita, à mulher, realizar-se por meio de projetos próprios, com todos os perigos e incertezas que eles possam acarretar. É inegável a influência de Simone de Beauvoir como precursora do feminismo na filosofia política.

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