“Resposta ao fluxo de migrantes é inadequada”, diz ONU

Para o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, apesar dos esforços, as respostas aos movimentos de refugiados têm sido lentas

Postado em: 16-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Para o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, apesar dos esforços, as respostas aos movimentos de refugiados têm sido lentas

Apesar dos esforços, as respostas aos grandes movimentos de refugiados e migrantes têm sido inadequadas, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em novo relatório global sobre o tema.

Em outro documento, Unicef alerta que 96,5 mil crianças desacompanhadas pediram asilo na Europa em 2015, sendo que muitas delas fogem dos centros de recepção.

Apesar dos esforços, as respostas aos grandes movimentos de refugiados e migrantes — que devem continuar ou aumentar devido a conflitos, pobreza e desastres — têm sido inadequadas, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na última semana em novo relatório, pedindo medidas globais coletivas para garantir os direitos humanos, a segurança e a dignidade para todos os refugiados e migrantes.

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“As tensões estão se acumulando entre refugiados e migrantes, assim como em países e comunidades que os recebem, às vezes por muitos anos”, disse Ban em seu relatório à Assembleia Geral da ONU.

“Se uma lição pôde ser aprendida nos últimos anos, foi a de que os países não podem resolver esses problemas sozinhos. A cooperação internacional e a ação para endereçar grandes movimentos de refugiados e migrantes precisam ser fortalecidas”, acrescentou.

Segundo o secretário-geral da ONU, qualquer abordagem precisa proteger a segurança e a dignidade, disse Ban, pedindo que Estados-membros enderecem as causas de tais movimentos migratórios e de refugiados, protejam as pessoas nas rotas e fronteiras, combatam a discriminação e promovam a inclusão.

No relatório, Ban também chamou os Estados-membros a adotar diretrizes globais de compartilhamento de responsabilidade, enfatizando a necessidade de reconhecer que os fluxos são resultado de conflitos não resolvidos que afetam “profundamente” indivíduos e Estados-membros, às vezes por prolongados períodos de tempo.

Ban também pediu que os Estados-membros adotem processos de cooperação internacional sobre migrantes e mobilidade humana, na forma de diretrizes globais para segurança, migração regular e ordenada, e que realizem uma conferência intergovernamental sobre o tema em 2018 com o objetivo de adotar tais diretrizes.

Reunião sobre migrantes 

O secretário-geral da ONU também declarou em seu relatório que uma reunião da Assembleia Geral da ONU sobre a questão dos grandes movimentos de refugiados e migrantes, marcada para 19 de setembro, será uma “oportunidade única” para os líderes mundiais fortalecerem e implementarem as diretrizes existentes, assim como fechar acordos para novas abordagens.

“Os Estados-membros precisam encontrar formas de governar suas fronteiras nacionais efetivamente enquanto protegem os direitos humanos de todos os refugiados e migrantes”, disse Ban.  

96,5 mil crianças desamparadas

Novos dados mostraram que um recorde de 96,5 mil crianças migrantes e refugiadas desacompanhadas pediram asilo na Europa em 2015, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na semana passada, pedindo medidas urgentes para protegê-las de riscos de abusos, exploração e tráfico.

“Crianças desacompanhadas estão escorrendo pelos dedos”, disse Marie Pierre Poirier, coordenadora especial do Unicef para refugiados e migrantes na crise europeia, em comunicado à imprensa.

“Muitas simplesmente fogem dos centros de recepção para se unir à família ampliada enquanto esperam. Ou fogem porque não tiveram audiências concluídas para determinar seus interesses ou não tiveram seus direitos explicados”, acrescentou.

O Unicef informou que, de acordo com estimativas da Interpol, uma entre nove crianças refugiadas e migrantes desacompanhadas é apontada como desaparecida, sendo que esses números podem ser ainda mais altos.

Na Eslovênia, por exemplo, mais de  80% das crianças desacompanhadas desapareceram de centros de recepção, enquanto na Suécia mais de 10 crianças desaparecem a cada semana. No início deste ano, cerca de 4,7 mil crianças desacompanhadas foram registradas como desaparecidas na Alemanha, disse a agência.

As 96,5 mil crianças desacompanhadas que pediram asilo na Europa em 2015 respondem por cerca de 20% do total de crianças que pediram asilo.  A maioria era formada por meninos adolescentes do Afeganistão, enquanto os sírios compunham o segundo maior grupo. Um número significativo de crianças tinha menos de 14 anos, e viajava sozinho, sem a proteção de familiares adultos ou guardiões, disse a agência da ONU. 

 

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