Usinas nucleares serão triplicadas

Atualmente existem 450 reatores no mundo em atividade para fins pacíficos; mais 50 estão sendo construídos

Postado em: 08-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Atualmente existem 450 reatores no mundo em atividade para fins pacíficos; mais 50 estão sendo construídos

O mundo tem atualmente 450 reatores nucleares para fins pacíficos operando em 33 países e 50 em construção. Empresas e nações que desenvolvem esse tipo de energia buscam agora triplicar o número de usinas nucleares até 2050, aumento que representaria 25% da eletricidade mundial.

Durante o Congresso Mundial de Energia nuclear (AtomExpo 2016), que reuniu cerca de 5 mil pessoas de 55 países na última semana em Moscou, a diretora-geral da Associação Mundial de Energia Nuclear, Agneta Rising, disse que acredita que a entrada de novos reatores no mercado poderá possibilitar esse aumento. Hoje, a energia nuclear responde por 11%, segundo ela.

“O aumento da demanda e a necessidade de energia limpa para reverter o quadro das mudanças climáticas são nossos maiores estímulos. Triplicar é possível, temos muita experiência para fazer essa ampliação de novos países na comunidade nuclear. Mas, para isso, não podemos criar novos obstáculos nem recuar”, acrescentou.

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Durante o encontro, patrocinado pela estatal russa de energia nuclear Rosatom, o diretor-geral da empresa, Sergey Kirienko, disse que até 2030 as centrais nucleares russas vão impedir a liberação de 711 milhões de toneladas de CO². “Precisamos evitar que a temperatura na terra continue subindo, e a energia nuclear é fundamental para a produção de energia de baixo carbono em combinação com outras fontes limpas”, declarou.

Segurança

O congresso coincide com o aniversário de 30 anos do acidente de Chernobyl, na Ucrânia, o maior desastre nuclear da história, que causou a morte de cerca de 4 mil pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde, e contaminou áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia. Um em cada cinco bielorrussos vive em solo contaminado, e a zona de exclusão de 30 km ao redor de Chernobyl permanece até hoje.

O vazamento na usina de Fukushima, há quatro anos, foi o segundo maior acidente da história e causou uma reviravolta no setor. Países como a Alemanha, o Japão e a Suíça decidiram abandonar o projeto nuclear gradualmente depois do acidente, que devastou o Nordeste do Japão e deixou quase 100 mil desabrigados.

As conferências dos participantes do AtomExpo destacaram os avanços na área de segurança desde Chernobyl e Fukushima, tornando as usinas nucleares mais seguras do que andar de avião. Os conferencistas lembraram que a energia nuclear não emite gases causadores do efeito estufa e que algumas gramas de urânio fornecem a mesma quantidade de energia que cerca de 1 tonelada de carvão. (Agência Brasil) 

Brasil tem dois reatores 

O Brasil tem dois reatores nucleares funcionando e um em construção no Rio de Janeiro. A energia nuclear representa quase 3% da matriz energética no país. A construção de um terceiro reator teve início em junho de 2010, porém está parada devido a irregularidades.

A fonte nuclear responde por cerca de 3% da geração de energia no Brasil. Antes da crise econômica e da instabilidade política, o governo chegou a anunciar que o Plano Nacional de Energia contemplaria a construção de pelo menos quatro usinas nucleares até 2030.

De acordo com o representante do Greenpeace no Brasil para a área energética, Thiago Almeida, a combinação das fontes eólica, solar, biomassa e hidroelétrica é capaz de atender à demanda nacional se houver investimento. “O custo total de Angra 3 foi orçado em R$18 bilhões, mas não inclui o preço para descomissionar a usina, ou seja, desligá-la e desmontá-la, que é de cerca de US$1 bilhão”, disse. “Sem incentivos do governo, essas usinas não são competitivas. Se tivermos um parque elétrico bem dimensionado, poderemos economizar água, recuperar reservatórios e usar as hidrelétricas.” 

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